Repetição de erros


Parlamentares cobram mudança no sistema de aplicação e fiscalização do Enem

Diante de uma série de erros no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), só um melhor gerenciamento poderá devolver credibilidade ao teste. É o que acreditam o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE). Especialistas defendem mudanças, como a descentralização da prova e a criação de um banco de dados com pelo menos 10 mil questões.

Questões do pré-teste do Enem foram utilizadas em materiais de estudo do Colégio Christus, de Fortaleza (CE). Pelo menos nove itens eram idênticos aos do certame. A denúncia levanta novamente a discussão em torno da credibilidade da avaliação. A promessa do Ministério da Educação (MEC) era reforçar a segurança em 2011.

A pedido de Francischini, entidades que aplicaram o Enem devem esclarecer vazamento

Nogueira acredita que é possível haver problemas isolados, mas, no caso do Enem, os erros se repetiram em três anos consecutivos. “O próprio ministro Haddad deveria começar a fazer ele mesmo um Enem e se preparar para a prova dos estudantes”, disse. O líder lembrou o sacrifício dos jovens que estudaram e agora correm o risco de ter a prova anulada. “O MEC toma nota zero porque não tem tido a capacidade de fazer o exame sem problemas de grande magnitude”, completou.

“As sucessivas falhas cometidas pelo ministro Fernando Haddad demonstram sua falta de capacidade de gerenciamento. É preciso mostrar que o grande responsável pela quebra de sigilo é o ministro, que não vem monitorando essas ações”, avaliou Gomes de Matos. “No momento em que o Ministério Público identifica que no Ceará houve vazamento, quem prova que no Rio de Janeiro, por exemplo, também não houve?”, questionou.

Para o tucano, os erros reforçam o pífio desempenho do MEC no preparo do Enem. Ele cobra a ida de Haddad à Câmara para dar os devidos esclarecimentos. “É preciso ter uma explicação, pois são gastos da União, dinheiro do povo brasileiro que está sendo, mais uma vez, jogado no ralo”, ressaltou.

Em 2009, houve o furto dos cadernos da prova. Já em 2010, defeitos de impressão. Segundo especialistas, o Enem precisa passar por uma reformulação para garantir o seu futuro. Gomes de Matos reitera que a mudança deve ser feita no sistema de aplicação e não de avaliação. “As falhas não ocorrem pelo modelo, mas pela falta de gerenciamento. O governo está administrando o país com irresponsabilidade em todos os ministérios”, afirmou.

Revoltados, estudantes de todo o país organizam pelas redes sociais protestos para os próximos dias.  “O jovem se vê vulnerável quando sua avaliação não tem um fundamento garantido, o que gera uma instabilidade no ensino educacional brasileiro”, concluiu o parlamentar.

Rede de protestos

Com faixas, vestidos de preto e usando narizes de palhaço, cerca de 300 alunos se reuniram na sexta-feira (28) em frente à sede do Ministério Público Federal de Fortaleza, onde surgiu a primeira denúncia de vazamento de questões. No Facebook, estudantes criaram uma página chamada “Protesto contra o Vexame Nacional do Ensino Médio”, em que eles pedem a saída do ministro Haddad e a reformulação da prova.

Os internautas programam passeatas nas principais capitais do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Cuiabá, Belo Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza. No Rio, mais de 6 mil pessoas já confirmaram presença no evento marcado para 13 de novembro, na praia de Copacabana.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

Compartilhe:
31 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *