Apatia do Planalto


Dilma dá péssimo exemplo ao manter ministro do Esporte e ignorar novas denúncias, avaliam deputados

A manutenção do ministro do Esporte, Orlando Silva, e a apatia do Planalto diante de novas denúncias demonstram descompromisso do governo com a ética e a moralidade. A avaliação é dos deputados Fernando Francischini (PR) e William Dib (SP), que defenderam o afastamento do chefe da pasta e a apuração das fraudes.

“Dilma deveria mostrar seu desejo de fazer uma limpeza real e não uma faxina de fachada”, criticou Francischini. “Isso só denigre a imagem de um país que quer fazer a Copa e as Olimpíadas”, emendou Dib, para quem “em qualquer nação séria, o ministro já teria sido afastado”.

No fim de semana, a revista “Veja” divulgou gravações feitas em 2008 pelo delator do esquema de corrupção, o PM João Dias Ferreira. Na ocasião, assessores diretos de Silva (os então chefes de gabinete Fábio Hansen e Charles Rocha) garantem ajuda ao policial para escapar de uma investigação. Dias entregou à Polícia Federal 13 áudios que comprovariam as revelações. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a íntegra do depoimento prestado por Dias na PF nesta segunda-feira (24).

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Além das irregularidades no programa Segundo Tempo, o jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou que fraudes ocorriam na relação do ministério com empresas fantasmas no projeto Pintando a Cidadania. Cerca de R$ 1,3 milhão pode ter sido desviado.

Para Francischini, a intervenção de Lula no caso e a permanência de Silva são sintomas do medo de manchar a imagem do PT. O ex-presidente teria interferido e pedido a Silva para resistir, enquanto Dilma sugeriu serenidade e paciência ao funcionário. Na avaliação do tucano, ainda podem surgir denúncias envolvendo o governador do DF e ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz. “A preocupação da presidente é a extensão do envolvimento do governador petista. O ministro só continua de pé por causa do temor em envolver o PT no olho desse furacão”, apontou. De acordo com o tucano, as provas são claras e o argumento de Lula e Dilma em defesa da presunção de inocência não convém.

Segundo Dib, as decisões ainda são influenciadas pelo ex-presidente. “Essa gestão está sob a égide de Lula e ele acha que a corrupção faz parte das atividades normais do ministério”, condenou. Para o deputado, novos fatos serão revelados nos próximos dias e a saída de Silva acontecerá de qualquer forma pela pressão da sociedade. “O ministro deve estar se sentindo confortável porque não houve punição para os outros, mas ainda acredito que ocorrerá o afastamento dele e a apuração das irregularidades”, afirmou.

Finalidade desviada

O documento enviado como resposta a um pedido de informação do deputado Izalci Lucas (PR-DF) descreve 15 projetos em que as verbas teriam sido desviadas de sua finalidade. Embora as irregularidades tenham sido detectadas pelo próprio governo, o relatório mostra que em muitos dos casos o ministério demora a agir, levando anos para cobrar as entidades em que encontra problemas. “Tudo isso mostra que a equipe desse ministério não vai bem, e se não vai bem a culpa é do chefe, pois ele é o responsável”, criticou Francischini ao defender mais uma vez a saída de Orlando Silva.

(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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24 outubro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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