Situação crítica
Falta de planejamento para a Copa revela que o improviso é a marca do PT, afirmam deputados
Descontrole, imprecisão nos dados, prorrogações de prazos e o aumento de custos das obras mostram completa desorganização do governo federal em preparar a infraestrutura do Brasil para a Copa de 2014. Os deputados César Colnago (ES) e Ruy Carneiro (PB) pedem mais transparência para evitar o desvio de verba pública para o ralo da corrupção.
Relatório da União lançado na última semana mostra que o Executivo é impreciso, traz cronograma irreal e até mesmo erros sobre a situação dos projetos de estádios, aeroportos e mobilidade urbana. E ainda há alta de preço de R$ 2,7 bilhões desde o início do ano. Em janeiro, as ações estavam avaliadas em R$ 23,8 bilhões. Hoje, elas têm previsão de gastos de R$ 26,5 bilhões. As medidas de mobilidade estão estimadas em R$ 16 bilhões.
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Para Colnago, a gestão petista tropeça desde o anúncio da realização do torneio no Brasil, em 2007. No período, não houve planejamento para o cumprimento dos prazos. “Isso já é a cara do PT. O governo perdeu muito tempo para a realização das obras. E o pior de tudo é que, além da gastança e dos atrasos, o que observamos é a maquiagem dos números”, ressaltou.
Na visão do tucano, a manifestação da ministra Miriam Belchior (Planejamento), na última segunda-feira (19), de decretar feriado caso os empreendimentos de mobilidade urbana não fiquem prontos coroa a incompetência, além de significar o reconhecimento dos petistas de que não farão o que prometeram.
Das 49 obras listadas para melhorar o acesso dos aeroportos a hotéis e estádios, 29 não foram licitadas e quatro sequer têm projeto básico. Segundo o deputado, é preciso transparência para evitar desperdício. “É incrível como conseguem maquiar as coisas. Mas uma hora a máscara cai. O governo passa uma imagem de que está tudo bem, mas a realidade é outra.”
Ruy Carneiro acredita que a União teve muito tempo para planejar, mas optou pelo improviso. “O que se observa primeiro é a possibilidade de o país passar constrangimento. É lamentável injetar mais dinheiro público por falta de organização”, disse. Para o tucano, a maioria das obras não sairá do papel. “O evento vai funcionar como remendo, o que é perigoso.”
Falta de planejamento
→ Em janeiro, os projetos estavam avaliados em R$ 23,8 bilhões. Hoje, as mesmas obras têm previsão de gastos de R$ 26,5 bilhões. As medidas de mobilidade estão estimadas em R$ 16 bilhões. Proporcionalmente, a maior variação está nos portos, que cresceram 21%. Em valores absolutos, os empreendimentos de mobilidade urbana foram os que mais cresceram: R$ 1,2 bilhão – ou 10%.
→ As arenas de Recife, Belo Horizonte, Cuiabá, Manaus e Natal tiveram crescimento de menos de 1%, enquanto Brasília reduziu o valor da obra em R$ 25 milhões. Porto Alegre quase dobrou: de R$ 154 milhões para R$ 290 milhões.
→ Além de trazer informações desencontradas, o relatório veio a público com cinco meses de atraso. A primeira versão foi lançada em janeiro, logo depois que a presidente tomou posse, sendo que a intenção do governo era realizar um balanço trimestral.
→ Desde então, três cidades começaram a construir ou reformar seus estádios (Fortaleza, São Paulo e Natal). As obras do Itaquerão, na capital paulista, começaram no final de maio, mas o relatório do governo dá conta de que a terraplanagem do terreno está concluída.
→ Considerando o relatório da União, cinco sedes estariam tocando obras de mobilidade urbana para a Copa. Mas, no mundo real, a situação é um pouco diferente. Apenas 1,5% dos R$ 6,6 bilhões de financiamento da Caixa Econômica Federal foi liberado. E somente para Belo Horizonte.
→ O relatório mostra ainda que oito dos treze aeroportos que receberão os turistas do Mundial estão em obras. Mas levantamento do Portal 2014 publicado na última quinta-feira aponta que somente um terminal, o do Galeão, no Rio, passa por reforma. Além disso, nos aeroportos de Brasília, Cuiabá e Porto Alegre estão sendo instalados apenas módulos operacionais provisórios, os chamados MOPs, ou “puxadinhos”, destinados exatamente a apagar os incêndios provocados pelo crescimento da demanda por voos.
(Reportagem: Letícia Bogéa / Fotos: Paula Sholl /Áudio: Elyvio Blower)
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