Fraca administração
Constante mudança de ministros reforça desorganização do governo, avaliam tucanos
A demissão do ministro Nelson Jobim (Defesa) comprova que a presidente Dilma Rousseff tem concentrado esforços apenas para resolver conflitos internos do governo. Por outro lado, a administração do Brasil fica em segundo plano, com a inflação batendo à porta, juros altos e baixos investimentos em infraestrutura. Para os deputados Reinaldo Azambuja (MS) e Rui Palmeira (AL), é preciso focar na realização de obras e nos serviços prestados à população.
No jogo de cadeiras que tomou conta de Brasília, Jobim foi o quinto ministro a deixar o cargo na Esplanada em sete meses. Antes, Antonio Palocci (Casa Civil) foi exonerado por suspeita de enriquecimento ilícito e Alfredo Nascimento (Transportes) por denúncia de corrupção. Ideli Salvatti trocou o Ministério da Pesca pelas Relações Institucionais, substituindo Luiz Sérgio, que recebera como prêmio de consolo a vaga que era ocupada pela petista.
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“Isso é ruim para o país, pois gostaríamos de um governo que faça acontecer a favor da sociedade, mas não é isso que vemos”, criticou Azambuja. Como destacou, a demissão de Jobim aconteceu porque o político apontou irregularidades. Ao falar a verdade, acabou punido.
A presidente, segundo o deputado, prefere trabalhar com pessoas envolvidas em escândalos ao invés de valorizar profissionais competentes. “Essa troca faz ficar parado aquilo que já caminhava a passos de tartaruga: as obras”, acrescentou. E recordou que já começa uma crise no ministério da Agricultura por causa de novas denúncias.
Para Rui Palmeira, Jobim foi vítima da sinceridade, pois perdeu o cargo por fazer afirmações que incomodaram o Planalto. “Ele sai não por um escândalo como os anteriores, mas por dizer a verdade. Foi transparente demais e causou inconveniência no Executivo.” Na avaliação do tucano, o país está entregue a uma má gestão.
O tucano destacou a franqueza do político. “Jobim disse que o governo se encontra atrapalhado. A presidente tem uma opinião sobre um tema pela manhã e à noite já tem outra. Isso mostra que não há foco e algumas questões importantes e investimentos ficam para trás”, criticou.
Verdades anunciadas por Jobim
-> Antes de ser demitido, Jobim havia afirmado que votou no candidato tucano à Presidência, José Serra, na última eleição e que a ministra Ideli Salvati era fraquinha, enquanto que Gleisi Hoffman sequer conhece Brasília.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)
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