Aparelhamento “escabroso”


Loteamento da Conab por apadrinhados criou foco de corrupção, condenam tucanos

Os deputados Domingos Sávio (MG) e Antonio Imbassahy (BA) condenaram nesta quinta-feira (4) o aparelhamento político em órgãos do governo, como acontece na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O governo Dilma foi informado pela Associação Nacional dos Empregados da Conab que o órgão estava sendo loteado com objetivos eleitoreiros. Ainda assim, o Executivo manteve as indicações e a companhia se tornou o novo foco de corrupção.

Domingos Sávio classificou o apadrinhamento de “crime contra o país”, uma vez que alguns dirigentes, além de não terem competência para os cargos, desviam dinheiro público. “A Conab é uma empresa com funções estratégicas. Ela não pode confundir isso com uma função política eleitoreira.  Infelizmente, o governo do PT tem tido essa prática não só na Conab, mas em grandes estruturas do poder público, sem se preocupar com a competência de quem foi  indicado”, criticou. “E as consequências estão aí: o dinheiro sendo jogado no ralo”, lamentou.

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As nomeações para a Conab, braço do Ministério da Agricultura, intensificaram-se a partir de 2007, com a adesão do PMDB a Lula. Irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, Oscar Jucá Neto foi exonerado na semana passada após a revelação de que ele ordenou o pagamento de R$ 8 milhões a um armazém em nome de laranjas.

A Conab não é o único órgão envolvido em corrupção em destaque nas manchetes. O mesmo ocorreu com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que, segundo o jornal “O Globo”, também fez loteamento entre partidos. Na opinião de Sávio, o Dnit é o exemplo mais clássico de apadrinhamento, já que virou “feudo do PR”.

“Isso mostra a falta de respeito. Como se pode pegar a estrutura de um país e dividir entre partidos? É como se a pessoa eleita se tornasse proprietária e pudesse dividir entre seus aliados a estrutura do governo. Isso é pior do que uma ditadura, é a usurpação plena da estrutura pública em benefício de grupos políticos”, concluiu o tucano.

Antonio Imbassahy, por sua vez, classificou de “escabroso” o que ocorre na Conab. O deputado lembrou que a única experiência de Jucá era na gestão de um restaurante da família que, de tão desastrosa, levou à falência do empreendimento. “É inexplicável colocar o irmão de um senador em um cargo tão importante e depois demiti-lo por denúncia de corrupção. Isso é grave. O governo do PT já tem essa prática: colocar pessoas incompetentes e até mesmo suspeitas do ponto de vista da honradez”, afirmou.

A frase:

“A Conab é um dos casos entre tantos outros com a comprovação de práticas irregulares em órgãos federais. É uma coisa interminável. Tudo isso é fruto de um modelo instalado no governo do PT de aparelhar, colocar pessoas que, além de despreparadas, são suspeitas. A atuação da Dilma no combate à corrupção parece ser uma atuação de conveniência, porque se ela desejasse acabar com isso, estimularia as CPIs, o que não só ajudaria a identificar outros casos como também permitiria a punição de tanta gente suspeita nesse governo.”

Deputado Antonio Imbassahy (BA)

Padrinhos

→ O outro diretor citado no documento, responsável pelas operações de abastecimento da Conab, é um ex-deputado federal e chegou à empresa com o apoio da bancada do PMDB na Câmara. Todos os diretores têm padrinhos políticos.

→ Em oito cartas a diversos ministérios, a Associação dos Empregados da Conab cobrou do governo explicações para nomeações de apadrinhados políticos sem intimidade com o setor. Numa das cartas, protocolada no dia 20 de junho, a associação pediu à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) explicações para as indicações de Oscar Jucá Neto e Marcelo Araújo à diretoria, ignorando os pedidos por nomeações técnicas.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

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4 agosto, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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