Falta punição
Tucanos cobram de ministro da Agricultura medidas contra corrupção na Conab
Durante audiência pública com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, deputados do PSDB cobraram explicações sobre as denúncias de corrupção feitas pelo ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto. O debate, realizado na Comissão de Agricultura, não esclareceu todas as questões dos parlamentares.
Para o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), é necessário checar as informações dadas pelo ministro e cobrar punição dos envolvidos. “A oposição vai verificar o nível das irregularidades, qual foi o dano gerado para o erário e se as pessoas afastadas não têm culpa em relação aos problemas que geraram dentro do ministério, em especial na Conab”, apontou. O deputado acredita que a dúvida ficou no ar e ainda precisa ser respondida pelo ministro.
baixe aqui
Nogueira questionou Rossi acerca do processo da Renascença contra a Conab, que gerou a polêmica sobre o pagamento de R$ 8 milhões para a empresa. Segundo o líder, a Conab não exerceu o direito de recorrer da sentença até o fim. “Ela foi derrotada em primeira instância e não recorreu. É muito estranho para um gestor público não ir até o último recurso para defender o interesse público”, completou.
O líder tucano defendeu a CPI da corrupção. “Essa é a nossa meta. Mas não existe CPI sem pressão da sociedade. O papel do PSDB é mostrar as irregularidades. É preciso mudar o modo de agir com a conduta ética e técnica da gestão pública. Portanto, além de afastar quem agiu na irregularidade, é preciso punir, verificar o dano causado e pedir o ressarcimento aos cofres públicos daquilo que foi desviado”, cobrou.
O líder da Minoria, deputado Paulo Abi-Ackel (MG), contestou os discursos de Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP), que atribuíram à oposição a intenção de transformar as denúncias em palanque político. “Lembro aos líderes do governo que é papel da oposição fiscalizar, cobrar explicações das autoridades a respeito de eventuais irregularidades e, ao contrário das alegações, interessa uma agenda positiva”, afirmou.
Segundo o parlamentar, não há crise política e sim institucional. “Crise política haverá se os órgãos de controle detectarem irregularidades e o governo se recusar a adotar as medidas para coibi-las”, disse.
Já o deputado Domingos Sávio (MG) pediu a profissionalização da Conab, com a ampliação de concursos públicos. “A Conab tem função reguladora estratégica para o país e, em vez de servir ao interesse nacional, está servindo ao interesse de poucos megaempresários”. Ele disse que, ao promover a regulação da venda de milho, a Conab vende todo o estoque de seus armazéns próprios, mas mantém o produto em locais contratados, beneficiando armazenadores.
Alfredo Kaefer (PR) acredita que faltaram esclarecimentos do ministro. Um deles, relacionado à administração adequada de grãos pela Conab. “Nesses últimos seis meses o estoque foi muito mal administrado. Isso causa prejuízo direto para o setor produtivo nacional. O governo errou na administração”, ressaltou.
A frase:
“Muitos ministros foram herdados do ex-presidente Lula. E agora a presidente Dilma está se propondo a fazer uma faxina. Pelo visto vai ter que ser profunda, porque a quantidade de irregularidades que estamos encontrando é imensa. Não se deve colocar a sujeira debaixo do tapete.”
Deputado Duarte Nogueira (SP)
Laranjas
→ Oscar Jucá é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e foi exonerado na semana passada, depois que a revista “Veja’ revelou que ele havia autorizado um pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa fantasma que já foi ligada à sua família e que hoje tem como sócios dois laranjas – um pedreiro e um vendedor de carros.
→ Jucá afirmou que o esquema de desvio de recursos públicos na Conab é comandado pelo ministro Wagner Rossi e que há um “consórcio” entre o PMDB e o PTB no controle do ministério. Entre as irregularidades, ele citou um acerto com a Caramuru Alimentos para postergar o pagamento de uma dívida em troca de recebimento de propina.
→ Na terça-feira (2), a Controladoria-Geral da União (CGU) instaurou auditoria para investigar o Ministério da Agricultura e a Conab.
(Reportagem: Letícia Bogéa com informações da Ag. Câmara e assessoria/ Foto: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)
Deixe uma resposta