Onda de denúncias


Falha de gestão, desvios e loteamento político agravam sucessivas crises no governo, avaliam deputados

Os deputados Otavio Leite (RJ) e William Dib (SP) consideraram lamentáveis as sucessivas crises do governo Dilma Rousseff. Após as denúncias sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que levaram à demissão de 22 pessoas, reportagem do jornal “O Globo” revela que outros órgãos públicos passam por problemas parecidos. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Banco do Nordeste (BNB) e a Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) sofrem com falhas de gestão, desvios e loteamentos políticos.

Indicado pelo PT, o presidente do BNB, Jurandir Santiago, é suspeito de desviar verbas no governo do Ceará. Funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, ele comandava a Secretaria de Cidades local antes de assumir o banco. Deixou a pasta sob suspeita do Ministério Público do Ceará, que investiga irregularidades na construção de banheiros em comunidades pobres do Estado. A apuração mostrou que o dinheiro foi encaminhado, por meio de convênios, para entidades fantasmas ou como pagamento por obras não realizadas. São analisados 56 convênios de 2010.

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Na opinião de Otavio Leite, um agravante é o loteamento da máquina administrativa, que faz com que grupos políticos tomem posse de órgãos públicos. “O PSDB não vai sossegar enquanto não esclarecer tudo. A população brasileira precisa saber que a corrupção está entranhada nas ações de governo”, ressaltou.

Para evitar mais desvios e melhorar a gestão, o tucano defende que a presidente Dilma faça uma faxina geral. “Não vamos nos calar diante de tanto absurdo que acontece a cada dia. É lamentável, mas o governo até agora não começou, apenas administrou crises e escândalos”, concluiu.

William Dib, por sua vez, cobrou punição para os envolvidos em corrupção e maior fiscalização. “A presidente precisa agir com mais severidade, afastar as pessoas, abrir sindicância, mostrar quem são os verdadeiros culpados e puni-los”, frisou, ao defender a ocupação de cargos por critérios técnicos e não loteamento político.

Aditivo caro

→ O PT cearense controla o BNB desde 2003. As suspeitas sobre o novo presidente se somam a problemas de gestão. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), aprovada em 2010, mostrou que o banco deixou de cobrar R$1,5 bilhão em dívidas.

→ Da mesma forma que no Dnit, o Ministério da Integração Nacional é área de risco sistêmico por causa do binômio “orçamento bilionário e atuação política”, que abrange a Codevasf. Enquanto o governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), trava uma batalha com o senador Wellington Dias (PT-PI) para indicar o presidente da companhia que administra a obra de transposição do Rio São Francisco, o atual diretor-presidente é Clementino Coelho, irmão do ministro Fernando Bezerra Coelho.

→ A Secretaria de Infraestrutura Hídrica já pagou R$ 3,9 bilhões pela obra de transposição do Rio São Francisco, mesmo sem um projeto executivo, e as empreiteiras querem mais R$ 1 bilhão em aditivos.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)

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1 agosto, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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