Descalabro de Norte a Sul
Corrupção no Dnit se espalha como câncer, alerta Antonio Imbassahy
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes sofre de uma “doença gravíssima” na avaliação do deputado Antonio Imbassahy (BA). Segundo o tucano, as denúncias intermináveis que atingem o Dnit trazem à tona um esquema de corrupção existente desde o governo Lula e conhecido pela ex-ministra da Casa Civil e atual presidente Dilma Rousseff. Ainda de acordo com o parlamentar, as demissões de dirigentes do órgão não encerram as investigações.
“O Dnit está acometido hoje de uma doença gravíssima, uma metástase que se espalha por todo o organismo deste departamento. É fundamental que as denúncias sejam apuradas até o final. A investigação não se encerra quando essas pessoas são afastadas por Dilma. A demissão é importante, mas é preciso penalizar os que utilizaram dinheiro público no governo atual e no anterior”, afirmou o vice-líder do PSDB.
baixe aquiA área de Transportes é alvo de sucessivas denúncias de corrupção desde o início do mês, quando a revista “Veja” revelou suposto esquema de pagamento de propinas em obras federais. Desde então, funcionários suspeitos de envolvimento foram caindo. O diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, foi o 17º a sair. A demissão do apadrinhado do senador Blairo Maggi (PR-MT) foi anunciada nesta segunda-feira (25).
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O deputado destacou ainda a revelação da revista “Época” de que no fim de 2006 a então secretária-executiva da Casa Civil e braço-direito de Dilma, Erenice Guerra, rejeitou uma proposta de investigação sobre denúncias graves que envolviam o Ministério dos Transportes. “Essas coisas vêm do governo passado, quando a atual presidente exercia uma atividade de grande importância. Portanto, ela estava a par de tudo que acontecia no governo federal”, acrescentou. Na gestão Lula, Dilma era tão próxima do presidente que ganhou o apelido de “mãe do PAC”.
As suspeitas de roubalheira não se resumem à direção nacional do Dnit. Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, pelo menos 12 das 23 superintendências regionais são objeto de inquéritos do Ministério Público e da Polícia Federal. No Ceará, 27 funcionários públicos, parentes e empreiteiras foram denunciados por procuradores da República por improbidade administrativa, sob a suspeita de praticar fraudes no órgão local, comandado pelo PR.
De acordo o Ministério Público Federal, as empresas tinham escritório no Dnit. A denúncia diz que elas pagavam “mensalão” a dirigentes do órgão. O inquérito, baseado em escutas telefônicas, apontou que uma empreiteira pagou até o conserto de carro para uma pessoa classificada como amante de um supervisor do Dnit em Fortaleza.
O departamento foi criado há quase dez anos para substituir o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), extinto em 2001 por ser considerado pelo próprio governo um órgão problemático. Para Imbassahy, na prática houve apenas uma mudança de nomenclatura, mas as práticas de corrupção permaneceram ao longo dos anos.
“Não adianta mudar apenas o nome do organismo ou criar órgãos para atender parceiros e companheiros partidários. Essas coisas só dificultam o sistema de controle e de fiscalização. É direito da população saber para onde foi o dinheiro do contribuinte brasileiro, que acaba sendo submetido a uma grande corrupção no governo federal”, reprovou.
Convocação do ministro
O tucano lembrou que o PSDB voltará a cobrar nesta semana a convocação do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), apresentou requerimento na última terça-feira (19) para que a comissão representativa do Congresso vote o pedido. A legenda aguarda posição do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para convocar o colegiado e apreciar o requerimento tucano.
“Se a presidente Dilma tem a disposição de desmantelar a quadrilha instalada no ministério não há porque ela fazer qualquer articulação junto ao Congresso Nacional impedindo a ida do ministro. Ao contrário: será uma oportunidade para o ministro revelar os fatos na sua totalidade”, resumiu Imbassahy.
Reino das irregularidades
→ Após as denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes 17 pessoas foram demitidas.
→ Pelo menos 12 das 23 superintendências regionais do órgão são objeto de inquéritos do Ministério Público e da Polícia Federal.
→ Segundo o jornal “O Globo”, o Dnit tem uma gestão caótica e procedimentos desenhados para esconder a corrupção. Há mais de 150 sistemas diferentes e incompatíveis de informação na sede e nas 23 superintendências regionais, o que dificulta qualquer controle.
→ Com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2006, o orçamento do Dnit quintuplicou, chegando hoje perto dos R$ 13 bilhões ao ano.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Agência Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)
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