Terminal atrasado
Polícia Federal investiga indício de fraude na obra de aeroporto em Natal
As suspeitas de desvios na obra do aeroporto da Grande Natal, no Rio Grande do Norte, reforçam os problemas do empreendimento, na avaliação do deputado Rogério Marinho (RN). A Polícia Federal abriu três inquéritos para apurar supostas fraudes no terminal, em São Gonçalo do Amarante (RN), de acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”. Ele está sendo construído para atender parte do fluxo da Copa do Mundo de 2014 e foi vendido pelo governo como modelo para evitar o caos aéreo no mundial.
O Ministério Público Federal suspeita que o Exército, responsável pela infraestrutura básica do aeroporto, pagou por serviços realizados pelos próprios militares. “As pistas estão sendo feitas de forma muito vagarosa pelo Exército. Se é ele que tem sido remunerado para isso, mas terceirizou as obras, para nós é um fato novo”, afirmou o deputado. O Ministério Público Militar investiga a participação de oficiais no caso.
baixe aquiDe acordo com o tucano, o terminal não foi planejado para a demanda da Copa, e sim para o recebimento de cargas internacionais. “Acredito que ele não ficará pronto na sua plenitude. Poderá ser mais um puxadinho. Não há tempo hábil de se fazer a obra com as condições necessárias”, completou.
A Procuradoria da República no Estado analisou quatro licitações do Exército vencidas pela Pedreira Potiguar entre 2008 e 2010 e constatou problemas em uma concorrência de R$ 13,2 milhões. O contrato foi feito pelo 1º Batalhão de Engenharia de Construção para compra do asfalto das pistas de pouso e dos pátios do terminal.
Segundo a reportagem, a Procuradoria de Justiça Militar no Recife tem indícios de que o batalhão pagou a empresa por material produzido na usina de asfalto da própria unidade. Além disso, há suspeitas de que a construção de canaletas foi realizada por militares, e não pela companhia.
O aeroporto do Rio Grande do Norte não é o único a enfrentar problemas. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) prevê que as obras de infraestrutura para a Copa não sairão do papel, revela o “Correio Braziliense”. O presidente da entidade, Paulo Safady Simão, anunciou que puxadinhos devem ser feitos para maquiar os terminais. “É claro que vamos passar vergonha diante dos turistas”, disse ele ao Correio. Simão acredita que o Regime Diferenciado de Contratações não deve acelerar as obras, mas sim abrir portas para a corrupção.
“O governo não se planejou, não tomou as medidas necessárias para investir na área de infraestrutura, logística e transporte. Há mais de quatro anos se sabe que a Copa será aqui, então não se justifica o que está ocorrendo”, concluiu Marinho.
(Foto: Paula Sholl/Áudio: Kim Maia)
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