Manancial de falcatruas


Novo ministro terá muito trabalho para moralizar órgão, o campeão de irregularidades na Esplanada

O novo ministro dos Transportes terá muito trabalho pela frente se quiser mesmo levar adiante a promessa de botar “pessoas certas nos lugares certos”. O alerta é do Instituto Teotônio Vilela em sua carta de mobilização política desta sexta-feira (15). “A faxina teria que começar pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. O Dnit é um manancial de falcatruas, imbatível no campeonato de irregularidades da Esplanada dos Ministérios. De seus mais de mil contratos de obras, jorram diariamente denúncias de desvios de recursos públicos”, diz o documento do ITV, cuja íntegra está disponível abaixo.

O novo ministro dos Transportes terá muito trabalho pela frente se quiser mesmo levar adiante sua promessa de botar “pessoas certas nos lugares certos, com competência, experiência e honorabilidade”, como disse Paulo Sérgio Passos logo que foi confirmado no cargo pela presidente Dilma Rousseff. A faxina teria que começar pelo Dnit.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes é um manancial de falcatruas, imbatível no campeonato de irregularidades da Esplanada dos Ministérios. De seus mais de mil contratos de obras, jorram diariamente denúncias de desvios de recursos públicos – apenas nos que foram firmados após 2009, a suspeita é de R$ 1 bilhão drenados.

Mais dois casos de irregularidades estão nos jornais de hoje. Em manchete, O Estado de S.Paulo trata da contratação da empresa da mulher do diretor-executivo do Dnit para tocar obras em rodovias federais pagas com recursos do órgão.

A Construtora Araújo Ltda tem R$ 18 milhões em contratos para melhorias nas BR 174, 432 e 433, todas em Roraima. A empresa é de propriedade de Ana Paula Batista Araújo. Ela vive há quatro anos com José Henrique Sadok de Sá, que, além de diretor-executivo, atualmente também ocupa interinamente a diretoria-geral do Dnit.

As obras da Construtora Araújo são tocadas por meio de convênios com o governo de Roraima, estado onde Sadok trabalhou em 2001 como diretor de obras do DNER, antecessor do Dnit. Todos os contratos tiveram aditivos – as famosas “mudanças de escopo”, na terminologia empregada por Luiz Antonio Pagot, demitido-mas-não-muito da chefia do Dnit, para justificar os onipresentes aumentos de custos das obras.

O início das relações entre a Construtora Araújo e o Dnit data da época da Operação Tapa-Buracos, paliativo do qual o governo Lula lançou mão para remendar as deploráveis rodovias brasileiras em 2006, às vésperas de sua reeleição. Um dos contratos da sra. Sadok está sob suspeitas de irregularidades, levantadas pelo TCU.

Mas o Dnit é tão peculiar que nem precisa de um dos 2.876 servidores que lá estão lotados para protagonizar suas bizarrices. É mais que sabido que o órgão foi transformado numa espécie de capitania hereditária do PR desde o governo passado, como uma das formas de pagamento pela parceria que resultou na indicação de José Alencar como vice-presidente de Lula. Mas os níveis de requinte da ocupação da máquina pública pelos “republicanos” consegue surpreender.

A Folha de S.Paulo informa hoje que o Valdemar Costa Neto, o chefão do PR, tem um preposto instalado dentro do Dnit para atuar como “assessor da diretoria-geral em reuniões com prefeitos e autoridades”. O detalhe é que, diferentemente das dezenas de apaniguados que o PR pôs no Dnit, Frederico Augusto de Oliveira Dias sequer foi nomeado pelo governo. Mesmo assim, tem sala própria, e-mail oficial e tarefas bem definidas: atender autoridades e cumprir agendas externas ao lado de Costa Neto.

Confrontado com o nome de Dias no depoimento que deu anteontem na Câmara, Luiz Antonio Pagot disse que ele não passava de “um estafeta, um boy”. Embora “sem poder de decisão alguma”, cabe a ele “colher assinaturas para contratos e convênios” firmados pelo Dnit. Por que dar tal atribuição a quem sequer é do quadro de funcionários do órgão?

O “boy” de Pagot atende mesmo é ao Boy, como Valdemar Costa Neto é conhecido em seu reduto eleitoral, Mogi das Cruzes (SP), pela sua paixão por carros velozes e furiosos. Por estas e outras, claro está que é preciso uma lavagem completa no Dnit e não apenas uma ducha rápida. Mas até agora o governo do PT se limitou a só tentar limpar a cena do crime.

(Fonte: ITV)

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15 julho, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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