Incompetência e má gestão

Situação precária dos aeroportos reforça falta de planejamento do governo Dilma, afirmam tucanos

O reconhecimento de que a concessão dos principais aeroportos à iniciativa privada não será solução para a Copa de 2014 e a possibilidade de utilizar os chamados puxadinhos, módulos que servem de área de embarque e desembarque, mostram a falta de planejamento do governo petista, afirmam os deputados Vanderlei Macris (SP) e Carlos Roberto (SP). Como recordam os tucanos, o Brasil tem conhecimento que sediará o evento há quatro anos, mas nenhuma providência foi adotada.

De acordo com o jornal “O Globo”, uma série de entraves econômicos e técnicos vai atrasar o programa de privatização. A matéria considera praticamente impossível o cumprimento da promessa da presidente Dilma Rousseff de transferir os terminais de Guarulhos (SP), Brasília e Viracopos, em Campinas, até dezembro. Por conta da complexidade do processo, técnicos acreditam que o leilão ficará para abril de 2012.

Macris afirma que a ausência de planejamento vem desde a era Lula. “Os aeroportos brasileiros são uma lástima. Não temos nenhuma possibilidade de atender à demanda da Copa e das Olimpíadas com o quadro atual.” Segundo o deputado, a demanda aumenta de 12% a 15% ao ano e o Brasil ainda continua com a mesma estrutura de aeroportos há décadas.

Os principais impedimentos vão de falta de interesse dos investidores à participação da Infraero, principalmente em relação aos vetos concedidos à estatal, responsável pela administração de 67 aeroportos. Outro entrave é o gerenciamento do espaço aéreo – equipamentos e controladores, na responsabilidade da Aeronáutica – e o compartilhamento das bases aéreas. Ou seja, os aviões militares e o presidencial usam o mesmo sistema de radiocomunicação e pista, mas não pagam pela utilização.

Macris condena os sucessivos problemas encontrados na área. “Em dez anos de governo, eles não foram capazes de planejar um desenvolvimento de infraestrutura para o país”, criticou. “Vivemos uma tragédia da má gestão, principalmente em relação a investimentos”, reforçou. “Corremos um sério risco de passar uma grande vergonha”, afirmou.

Carlos Roberto acrescenta que o governo não cumpre suas promessas. “Diante da falta de seriedade, vejo que vai ser muito difícil o Brasil ter investidores”, destacou. Segundo o tucano, é necessário que as ações propostas sejam bem planejadas para evitar a “bagunça generalizada”, como acontece hoje com o setor aeroportuário.

Reflexo da falta de planejamento

→ O edital de concessão do primeiro aeroporto do país, de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, levou três anos para sair do papel, a partir da inclusão no Plano Nacional do Desenvolvimento (PND). A unidade tinha um projeto mais simples.

→ Ainda assim, o leilão, inicialmente previsto para o dia 19 de julho, foi adiado para 22 de agosto, diante de inúmeras dúvidas do setor privado sobre o processo.

(Reportagem: Laize Andrade / Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)