Negócio polêmico
Para tucanos, atuação do BNDES na fusão Pão de Açúcar-Carrefour só trará prejuízo aos brasileiros
A fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour não vai trazer vantagem alguma aos brasileiros. Essa é a avaliação dos deputados Reinaldo Azambuja (MS) e Valdivino de Oliveira (GO). Os parlamentares condenaram o aporte de R$ 4 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas empresas, já consolidadas no mercado. Segundo eles, a operação monopoliza o comércio de bens de consumo, além de prejudicar o setor produtivo e as pequenas companhias.
Azambuja classificou como absurdo e preocupante o investimento do governo na megaoperação com dinheiro do contribuinte. “Isso é prejudicial à sociedade. Teremos um grupo que vai dominar grande parte das vendas no Brasil, financiado com recurso público e tirando a competitividade do setor varejista. Isso é um absurdo. O BNDES virou um balcão de negócios a favor de empresas gigantes, deixando de atender as pequenas”, resumiu.
baixe aquiSegundo o deputado, a fusão vai prejudicar tanto os consumidores como os fornecedores. “Eles vão ditar o preço porque serão responsáveis pela maioria das vendas de varejo no país. Não há vantagem nenhuma para o cidadão”, explicou.
De acordo com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, não há dinheiro do contribuinte na fusão. Azambuja disse que a petista está “totalmente equivocada”. “A instituição é um banco público que utiliza recursos públicos”, afirmou.
Economista, Valdivino de Oliveira considera temerária a operação. “A fusão é um acirramento do monopólio. Os grandes vão se agigantando e engolindo os pequenos. Isso é terrível porque não há alternativas ao consumidor para encontrar preços mais baratos. Também é ruim para o setor produtivo, porque vai diminuir o número de compradores. As pequenas indústrias acabam sendo sufocadas pelas condições que os grandes mercados impõem”, declarou.
Para Valdivino, a destinação de dinheiro público para o setor privado só se justificaria com a geração de novos empreendimentos e não para manter os que já existem. “Essa fusão não vai aumentar o número de empregos nem a produção da economia. A operação é temerária, pois se trata da irrigação de dinheiro do setor público para o privado”, declarou.
R$ 4 bilhões
É o valor que o BNDES vai injetar para viabilizar a fusão.
Concentração no varejo
→ Segundo editorial da “Folha de S.Paulo”, com a fusão, Pão de Açúcar e Carrefour abocanhariam 32% de participação na média do varejo supermercadista brasileiro. Argumenta-se que tal concentração seria equivalente à encontrada nos Estados Unidos.
→ Cerca de metade das vendas de supermercados ocorre em empresas pequenas com menos de 1% do mercado, de acordo com o colunista da Folha, Vinicius Torres Freire.
→ Também em editorial, o jornal “O Globo” afirma que a junção do grupo Pão de Açúcar e do Carrefour, criará a maior rede de supermercados: uma empresa de R$ 65,1 bilhões de faturamento anual, só menor que a Vale e a Petrobras.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)
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