Contas atrasadas
Tucanos pedem campanhas de conscientização para evitar endividamento das famílias
Os deputados Vaz de Lima (SP) e Valdivino de Oliveira (GO) cobraram nesta terça-feira (28) a realização de campanhas governamentais de conscientização sobre os perigos de créditos oferecidos pelo mercado financeiro. Os deputados criticaram a ausência de esclarecimentos à população e o estímulo exagerado do Executivo ao endividamento, que tem levado brasileiros a comprometer o orçamento. De acordo com dados do Banco Central e da Confederação Nacional de Comércio (CNC), 53% dos consumidores devem mais do que ganham, 25% têm contas em atraso e quase 9% admitem não ter mais condições de quitar as dívidas.
Para Vaz de Lima, o governo adota uma política errada ao incentivar o consumo e não alertar sobre o acúmulo de prestações. O problema se repete, segundo ele, em relação ao crédito consignado na folha de pagamento. “Há muito tempo o PSDB tem alertado que isso não vai acabar bem porque dá um falso sentimento de bem-estar”, destacou, ao lembrar que as taxas de juros do país estão entre as mais elevadas do mundo.
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O deputado cobrou a realização de campanhas publicitárias alertando a população sobre os perigos de assumir dívidas sem planejamento. “Hoje não alertam o consumidor de que o juro pode subir e atingi-lo. O governo faz um trabalho às avessas disso, o que trará prejuízos graves para as famílias”, disse. Segundo ele, esses avisos devem ser feitos tanto pelo governo quanto pelas instituições financeiras.
Para Valdivino, é necessário que o poder público exija o cumprimento das leis relativas ao assunto, como a regra de endividamento máximo de 30% da renda do cidadão. “Há uma condescendência muito grande com o sistema financeiro e o governo tem que adotar medidas para enquadrar todos os empréstimos efetuados aos servidores, de uma forma geral, dentro do percentual que a lei determina”, defendeu.
O tucano ressalta que seria impossível para o governo controlar os empréstimos ou compras das pessoas em instituições privadas, mas é preciso conscientizar. “Não tem como controlar, mas pode sim fazer campanhas e mostrar que o endividamento de hoje significa a redução do consumo amanhã”, destacou.
Atropelados por dívidas
→ Reportagem do jornal “Correio Braziliense” mostra que os consumidores são atropelados pelas dívidas quando incorporam ao orçamento doméstico os limites do cheque especial e do cartão de crédito, as modalidades de financiamento mais caras do mercado, com juros na casa dos 10% ao mês.
→ Especialistas avaliam que qualquer pessoa só deve recorrer a essas linhas em caso de extrema necessidade. No entanto, os brasileiros estão comprometendo seus salários com gastos supérfluos, mesmo com juros a 600% ao ano, como os cobrados em alguns cartões de crédito.
→ O consumismo compulsivo é considerado uma doença, a oneomania, que, segundo especialistas, não tem cura.
(Reportagem: Djan Moreno/Foto: Paula Sholl)
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