Governo omisso

Precária fiscalização nas fronteiras facilita entrada de drogas no país, reprovam deputados

A falta de fiscalização e o precário monitoramento fizeram das fronteiras brasileiras um paraíso para os traficantes de drogas e armas, afirmam os deputados William Dib (SP) e Marcio Bittar (AC). Na opinião dos tucanos, a presidente Dilma Rousseff incorporou a omissão do seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virando as costas para ações de vigilância.

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado no feriado reforça a avaliação dos parlamentares. Os dados colocam o Brasil como a terceira maior rota de tráfico de cocaína com destino à Europa e o mercado onde mais se apreende crack no mundo. O documento aponta a fragilidade da fiscalização.

Conforme a entidade, entre 2005 e 2009, a quantidade de cocaína apreendida no Velho Continente proveniente do solo brasileiro subiu de 339 kg para 1.500 kg. O número de apreensões aumentou de 25 para 260. Além disso, em 2008, foram interceptados 374 quilos da droga no país, contra 163 quilos nos Estados Unidos.

William Dib condena o desmonte das Forças Armadas realizado pelo governo. “Aqui virou quase que terra de ninguém. Desprezamos a verdade. Isso não pode estar acontecendo num país grande e rico, com essas dimensões e que vai sediar a Copa do Mundo e organizar as Olimpíadas. Aqui passa tudo”, reprovou. Segundo o tucano, o Brasil vive uma pandemia e o Executivo precisa colocar o Exército nas fronteiras. Cardiologista por formação, Dib afirma que a classe médica estima que 5% a 8% da população faz uso de algum tipo de droga ilícita.

A pedido de Marcio Bittar, a Comissão da Amazônia faz nesta terça-feira (28) audiência para discutir a entrada do oxi – substância com elevado poder de destruição e baixo valor – e outros entorpecentes na Amazônia Legal. “Como limitar que a droga chegue por meio da Amazônia, se não há ações concretas numa região tão diversificada? É importante que o restante do país saiba que é impossível limitar, combater o tráfico na nossa divisa dessa forma”, condenou. Segundo ele, o governo precisa romper o discurso e partir para medidas concretas. O tucano defende a priorização da fiscalização das fronteiras.

Segundo a ONU, entre 2005 e 2009, a quantidade de cocaína interceptada no Velho Continente proveniente do solo brasileiro subiu de 339 kg para 1.500 kg. O número de apreensões aumentou de 25 para 260.

Tesoura afiada

A presidente Dilma cortou 36% da verba destinada ao Ministério da Justiça neste ano: R$ 1,5 bilhão dos R$ 4,2 bilhões previstos. A secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, acha bobagem considerar o crack uma epidemia. Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, a droga já se disseminou por 98% dos municípios brasileiros. A ONU constatou que 900 mil brasileiros consomem cocaína. Reportagem da revista “Veja”, com base em dados da Fundação Oswaldo Cruz, indica que há um milhão de viciados em crack no Brasil.

(Reportagem: Artur Filho / Foto: Paula Sholl / Áudio: Elyvio Blower)