Desvio de recursos


Após prisão de Rainha, tucanos cobram mais controle de verbas repassadas a entidades

Diante da prisão do líder sem-terra José Rainha Júnior e outras nove pessoas por desvio de verbas destinadas a assentados no Pontal do Paranapanema (SP), os deputados Raimundo Gomes de Matos (CE) e Alfredo Kaefer (PR) cobraram mais fiscalização no repasse de recursos públicos. Integrantes da Comissão de Agricultura, os tucanos acreditam que falta acompanhamento na utilização do dinheiro.

Reportagem do jornal “O Globo” revela que o Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo  negou ontem (19) o pedido de habeas corpus para libertar Rainha. Segundo as investigações, foram desviados ao menos R$ 5 milhões. Rainha foi expulso do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), mas continuou participando de ocupações.

Gomes de Matos lamenta o fato de não haver acompanhamento dos valores destinados a movimentos sociais. “Não é novidade constatar que o líder do MST utiliza mal as verbas e toma atitudes  antidemocráticas. O desvio em Paranapanema só agrava sua situação”, apontou o tucano.

Play
baixe aqui

De acordo com a Polícia Federal, a investigação começou há cerca de 10 meses para apurar crimes de apropriação indébita e extorsão contra os assentados, além de estelionato, peculato e formação de quadrilha. A apuração apontou que o grupo utilizou associações civis, cooperativas e institutos para se apropriar ilegalmente de recursos públicos destinados à manutenção pessoas em áreas desapropriadas para reforma agrária.

Ao ser questionado sobre a timidez do Planalto com a questão, Gomes de Matos disparou: “O populismo de Lula fez com que a população ficasse anestesiada. As ações precisam de transparência. Isso precisa ser feito em todos os setores, já que a cada dia surgem mais escândalos e denúncias.”

Kaefer, por sua vez, defende que a reforma agrária seja feita sem invasões, com respeito aos contratos e à propriedade privada. “Uma coisa é defender a reforma, buscar assentamento, colocar as pessoas nas propriedades. Outra é banditismo, como há muito tempo o líder do MST tem feito, utilizando de forma errada os recursos destinados para essa área”, ressaltou. “Lamentavelmente algumas pessoas tidas como donas do poder acabam acobertando essas coisas. A justiça está sendo feita. É preciso colocar ordem”, completou.

“Existem muitos líderes de movimentos sem-terra que deveriam estar presos não só pela ilegalidade que cometem, mas por colocarem famílias e crianças debaixo de lona preta sem acesso à escola a troco de um movimento político ideológico.”

Deputado Alfredo Kaefer (PR)

Prisão temporária

→ Com a decisão, Rainha e os outros envolvidos presos na última quinta-feira (16) na Operação Desfalque, da Polícia Federal (PF), devem permanecer na cadeia pelo menos até a próxima terça-feira (21), quando vence o prazo da prisão temporária.

→ Cinco inquéritos foram instaurados para investigar associações, cooperativas e institutos ligados a assentamentos do Incra. É a primeira vez que Rainha é preso por desvio de verbas e, pelo menos, a quinta vez desde 2002.

→ O delegado da PF explicou que um dos crimes apurados pela investigação é o de desvio de recursos públicos repassados pelo Incra a entidades criadas pelos assentados. Também teriam sido desviadas cestas básicas fornecidas pelo governo federal aos agricultores. O grupo também é suspeito de extorquir proprietários rurais.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)

Compartilhe:
20 junho, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *