Obras atrasadas
Adoção de medidas emergenciais para concluir aeroportos revela incompetência, avaliam parlamentares
A pressa em concluir as obras dos aeroportos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas mostra que o governo jogou no colo da iniciativa privada problemas que não teve capacidade de resolver. Essa é a opinião dos deputados Vanderlei Macris (SP) e Reinaldo Azambuja (MS). Apesar da aprovação na Câmara da MP 527/11, que afrouxa as regras para licitações, há praticamente um consenso entre especialistas e empresários de que é impossível concluir a ampliação dos terminais até 2014. Segundo eles, é provável que o Executivo abra mão de prazos e adote medidas emergenciais para atender a demanda.
Segundo Macris, o Brasil se encontra em uma situação delicada quanto aos empreendimentos realizados para os mundiais. “Fazer uma obra apressadamente custa muito caro para o bolso do contribuinte. É uma total incompetência e falta de consideração com a população. A opinião pública esperava que um evento como esse fosse tratado com seriedade e o governo não fez absolutamente nada”, condenou.
baixe aquiNa avaliação de Azambuja, a atitude demonstra ineficiência. “A correria mostra a falta de planejamento do PT. Você não faz um processo de privatização com resultados a toque de caixa”, criticou o deputado.
De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, o conjunto de providências emergenciais ficaria desvinculado do projeto de concessão. As intervenções de longo prazo, que incluiriam a expansão e construção de terminais e de outras instalações, entrariam no pacote de privatização dos aeroportos, que poderia ser feito com mais tempo.
Os tucanos temem que, ao entregar os aeroportos às pressas para a iniciativa privada, o Planalto gere um marco regulatório inadequado e falho para o setor, que já é caótico. “Tudo realizado de última hora e de forma apressada sai mal feito, inclusive as privatizações, que serão executadas de maneira atropelada”, alertou Macris.
“Ao invés de ter um marco regulatório a favor da população brasileira, haverá uma situação que depõe contra a sociedade. Essa desconfiança dos especialistas e dos próprios empresários mostra que o governo está na contramão”, avaliou Azambuja.
“A pior coisa que poderíamos fazer neste momento é entregar para a iniciativa privada a responsabilidade e pressioná-la para entregar, com o prazo que temos, aquilo que não conseguimos fazer até agora. Há um perigo: o de desclassificarmos a participação privada, de deteriorarmos o modelo de concessão por uma impossibilidade técnica de conclusão das obras”, avaliou o professor Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral (FDC), em entrevista ao Estadão.
(Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)
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