Política externa

Em encontro com Patriota, deputados apontam erros da diplomacia brasileira

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara realizou audiência pública com o ministro Antonio Patriota para discutir aspectos da política internacional. Deputados do PSDB levantaram questionamentos, como a aproximação do Brasil com nações que desrespeitam os direitos humanos e as dificuldades enfrentadas por brasileiros para entrar na Espanha. O deputado Carlos Alberto Leréia (GO), presidente do colegiado, conduziu a reunião.

Confira alguns destaques da audiência:

Direitos humanos – O líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), voltou a criticar a recusa da presidente Dilma Rousseff em receber a advogada iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz de 2003, durante sua estadia no país. O deputado questionou o ministro sobre possíveis pressões de Teerã, mas Patriota garantiu que elas não existiram. Apesar disso, Nogueira demonstrou preocupação com uma possível tendência do governo em apoiar regimes totalitários como o iraniano, a exemplo do que vinha acontecendo na gestão do ex-presidente Lula. “Uma coisa é respeitar a autoridade de cada país, outra coisa é ser conivente”, afirmou.

Brasileiros na Espanha – Diante dos problemas enfrentados por turistas para entrar no país europeu, os deputados Antonio Carlos Mendes Thame (SP), Eduardo Azeredo (MG) e Ruy Carneiro (PB), que pediram a realização da audiência, criticaram a falta de atitude das autoridades brasileiras e cobraram providências a adoção do critério de reciprocidade. Com a medida, as barreiras impostas pela Espanha seriam adotadas também no Brasil. “Não entendo como um país que tem crescido tanto e já é uma verdadeira potência está sendo tão passivo nesta questão”, criticou Carneiro.

Carros na Bolívia – Azeredo cobrou um posicionamento do governo brasileiro diante da lei promulgada na semana passada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, que legaliza milhares de veículos contrabandeados. O chanceler afirmou que a embaixada brasileira pediu ao governo boliviano a verificação de cadastros de carros brasileiros para impedir a regularização, mas, para o tucano, a medida foi insuficiente. “Fico preocupado, pois Morales já havia invadido instalações da Petrobras com seu exército e a reação brasileira não foi positiva naquele momento. É um absurdo que carros roubados aqui possam ser legalizados lá”, apontou.

Caso Battisti – A repercussão da decisão do STF de não extraditar o italiano Cesare Battisti também foi levantada pelos parlamentares. As afirmações do ministro de que o fato não causa problemas para a imagem do Brasil no cenário internacional não convenceram. “Definiu-se por não extraditar uma pessoa condenada por quatro assassinatos e quem tem contra si quase a totalidade dos italianos, desde a direita até a esquerda”, reprovou Azeredo.

Brasil/ EUA – Para Mendes Thame, os resultados da visita do presidente Barack Obama ao Brasil em março ainda não haviam sido expostos. O tucano questionou a ausência de acordos simultâneos de intercâmbio de informações relativas a tributos e defendeu a reciprocidade entre as nações para facilitar o trânsito de turistas. Antonio Patriota afirmou que durante a visita de Obama foram assinados acordos bilaterais de uso pacífico do espaço exterior para aumentar o número de estudantes brasileiros em solo americano e promover a igualdade racial e de gênero.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)