Só no papel

“Brasil sem Miséria” é mais um programa do governo que ficará na promessa, acreditam tucanos

Os deputados Ricardo Tripoli (SP) e Carlaile Pedrosa (MG) afirmaram que o programa “Brasil sem Miséria”, lançado hoje (2) pela presidente Dilma Rousseff, ficará só na promessa, assim como várias iniciativas do governo do PT. Os tucanos torcem pela diminuição da pobreza no país, mas não acreditam que isso será possível em quatro anos.

Durante a campanha eleitoral de 2010, a petista prometeu “resgatar” da miséria 19,6 milhões de pessoas. Em maio deste ano, o número caiu para 16,2 milhões. O Instituto Teotônio Vilela (ITV) divulgou recentemente estudo mostrando que a pobreza está longe de ser uma questão resolvida no país. O ritmo de melhoria em áreas relacionadas diretamente ao problema, como o combate ao analfabetismo, caiu na última década. Segundo o ITV, 60,7% das famílias brasileiras têm renda per capita inferior a um salário mínimo.

Tripoli considera que a iniciativa não possui sustentação e, por isso, não terá o alcance pretendido. “Quando se anuncia um programa com o objetivo de acabar com a miséria, é preciso colocar quais são os núcleos desse ponto. Portanto, acredito que é mais uma falácia e temeridade o anúncio desse projeto”, avaliou. “Torço pelo bem do país, mas fica claro que essa medida tenta cumprir um compromisso de campanha que não ocorreu, não vem ocorrendo e, provavelmente, não acontecerá”, resumiu.

O deputado Carlaile Pedrosa, por sua vez, não acredita que o plano tenha futuro. Para ele, o “Brasil sem Miséria” é mais um programa lançado pelo PT que não trará resultado. “Nada do que esse governo prometeu durante a campanha está sendo realizado. Espero que ela trabalhe para diminuir a miséria, mas não acredito que isso acontecerá. É mais uma promessa”, lamentou o tucano.

Pobreza extrema

→ Segundo o IBGE, 16,27 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza. Isso corresponde a 8,5% da população. Desse total, 4,8 milhões não teriam renda nenhuma. Outros 11,4 milhões teriam entre R$ 1 e R$ 70 por mês.

→ Antes da eleição, Dilma Rousseff considerava miserável quem recebia até um quarto de salário mínimo ao mês: R$ 136,25, em valores atuais. Depois da posse, ela passou a considerar “extremamente pobres” os que têm renda mensal de zero a R$ 70.

→ O “Brasil sem Miséria” trará ações em três áreas: transferência de renda, microcrédito e acesso à água. O objetivo é melhorar a situação econômica de 16,2 milhões de pessoas que vivem com menos de R$ 70 ao mês.

(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Paula Sholl/ Áudio: Elyvio Blower)