Pensar global, agir local, por Ricardo Tripoli


Até o dia 3 de junho, São Paulo recebe a conferência do C40. Na pauta do encontro entre os prefeitos das maiores metrópoles do planeta, as mudanças climáticas. Estão sendo discutidas soluções para a mitigação do impacto deste fenômeno nas grandes cidades.

Metrópole global, São Paulo é exemplo para todo o planeta. Aqui, não precisamos esperar para sentir os efeitos das mudanças climáticas previstas para este século. A capital paulista e sua região metropolitana já vivem isso. A cada ano, seus habitantes enfrentam chuvas mais intensas, com maior incidência de raios, e estiagens mais severas.

Dados de técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontam que a temperatura média na cidade aumentou em até 4ºC nos últimos 30 anos, muito mais do que o observado na média global. As diferenças existem de um bairro para o outro. Hoje, são considerados 96 microclimas na capital. Quando os jesuítas chegaram por aqui, no século 16, eram apenas quatro.

O aumento da temperatura só tem potencializado as chuvas de verão, fenômeno relatado desde a época da fundação do Colégio de São Paulo.

Com a impermeabilização do terreno, as águas chegam mais rápido aos fundos de vales, onde ficam milhares de quilômetros de cursos d’água, muitos deles canalizados. A água chega e se espalha mais rapidamente pela várzea, outrora livre e hoje ocupada pelo homem. A inundação é mais forte. Nas encostas, sem cobertura vegetal, os deslizamentos são recorrentes, vitimando pessoas e destruindo casas.

O último verão mostrou que a cidade de São Paulo tem muito a fazer em relação ao gerenciamento e à resposta aos desastres.

Sistemas de alerta ainda são precários em comparação a outras cidades globais e há muita infraestrutura preventiva a ser implantada. Sequer temos um centro de gerenciamento integrado nos moldes do Rio de Janeiro, para usarmos um exemplo próximo.

A cidade também deve intensificar suas medidas de combate às mudanças climáticas, buscando minimizar a emissão de gases do efeito estufa. Uma prioridade é reestruturar o sistema de transporte, tornando-o mais eficaz e menos poluente. Também deve se buscar, incessantemente, uma ampliação das áreas verdes, ainda muito aquém dos padrões desejáveis.

Receber a C40 é algo oportuno. A comunicação e a informação são as maiores armas contra os desastres provocados pelas mudanças climáticas. Que São Paulo aprenda com o mundo e que o mundo aprenda com São Paulo.

(*) Ricardo Tripoli é deputado federal pelo PSDB-SP. Artigo disponível em: http://www.brasil247.com.br/pt/247/ecologia/3542/Pensar-global-agir-local.htm

Compartilhe:
2 junho, 2011 Artigosblog Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *