Falta fiscalização
Macris: consumo de bebida na adolescência aumenta risco de dependência
Durante a primeira audiência pública da Comissão Especial do Álcool, nesta terça-feira (24), o consumo de bebidas por menores de idade foi considerado o mais preocupante. Para o deputado Vanderlei Macris (SP), relator do colegiado, a ingestão de álcool prejudica a formação biológica do adolescente e, como consequência, aumenta as chances de dependência no futuro.
“A estratégia que devemos usar é, em primeiro lugar, jogar pesado na luta para evitar que os estabelecimentos vendam bebidas para menores. A atuação deve ser não só repressiva, mas também com campanhas de esclarecimentos”, analisou Macris. Para o tucano, falta fiscalização nos estabelecimentos que vendem os produtos.
baixe aquiA afirmação do tucano tem como base a análise do representante da Sociedade Brasileira de Pediatria, Dr. Valdir Craveiro. Na audiência, o especialista informou que 54% dos adolescentes com idade entre 12 e 17 anos já experimentaram álcool e 7% são dependentes. O pediatra também defendeu o fim das propagandas de bebida, que, segundo ele, estimulam de maneira prejudicial o consumo entre os jovens.
De acordo com o coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ronaldo Laranjeira, também presente à reunião, existem mais de um milhão de pontos de venda de bebida em todo território brasileiro. Além da falta de controle do Estado em relação à venda para menores, o psiquiatra considerou grave o fato de o país não possuir um programa de tratamento do alcoolismo, “um dos mais graves problemas de saúde pública no Brasil”.
Para o deputado Fernando Francischini (PR), além dos problemas causados pelo alcoolismo, a falta de programa de consumo de álcool pode ser a principal porta de entrada de drogas ilícitas, como maconha, cocaína e crack. “O alcoolismo é o grande problema em nossas escolas, pois ele atinge o jovem e o leva para a violência”, afirmou.
Segundo Macris, com as informações apresentadas, os especialistas confirmaram um fato já levantado pela comissão: o excesso de consumo é um problema crônico e precisa de solução. Para ele, os dados apresentados pelos expositores demostraram a necessidade de aprofundar o debate pelo aperfeiçoamento e cumprimento da lei referente ao consumo, à publicidade e ao acesso às bebidas.
“O Congresso não pode ficar a parte dessa luta em estimular o governo a proibir o uso indiscriminado de bebidas alcoólicas”, afirmou.
(Reportagem: Djan Moreno / Fotos: Paula Sholl e Agência Câmara / Áudio: Elyvio Blower)
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