Apadrinhamento
Correios: aparelhamento provoca ineficiência e descrédito da estatal, alertam tucanos
O aparelhamento dos Correios, promovido pelo PT, tira a credibilidade da instituição e prejudica a sociedade. Essa é a posição dos deputados Reinaldo Azambuja (MS) e Luiz Fernando Machado (SP). Reportagem do jornal “O Globo” revelou que a estatal tem um funcionário comissionado (cargo de chefia) para cada dois servidores. Nove mil trabalhadores estão em licença-médica e 4,5 mil foram aposentados por invalidez. No último fim de semana, os Correios realizaram um concurso com 9 mil vagas.
Há um racha entre os funcionários de elite e a direção da estatal. Os motivos da briga são a mudança do antigo estatuto para a contratação de pessoal e a reforma da instituição. De acordo com Reinaldo Azambuja, os problemas começaram no primeiro mandato do ex-presidente Lula, com o mensalão. Segundo o tucano, a disputa ocorre por conflitos de interesses partidários. “Hoje vemos o apadrinhamento político dos Correios. Esse aparelhamento trouxe ineficiência, descrédito, desmandos e desvios. Isso é o governo do PT”, acusou.
Para o deputado Luiz Fernando Machado, o PT mistura Estado com partido, o que prejudica o funcionamento dos Correios. “O PT confunde a sua militância partidária com quadros técnicos, especialmente no que diz respeito aos Correios. É um partido que não tem muita credibilidade para poder permanecer governando o nosso país. O exemplo dos Correios é o mais claro da utilização da máquina em benefício de alguns apadrinhados políticos”, afirmou. Os tucanos adiantaram que o PSDB não será conivente com interesses escusos do governo quando a proposta do novo estatuto da estatal chegar ao Congresso.
Divergências
Dados obtidos por “O Globo” revelam que há 47 ações na Justiça do Trabalho contra a empresa, a maioria por descumprir a legislação. Os carteiros caminham até 15 quilômetros por dia carregando sacolas com 11 quilos, como na década de 70. Um pequeno grupo usa motos, mas a estatal não paga o seguro da frota. Se o trabalhador sofre um acidente e ficar comprovada sua culpa, ele arca com as despesas. Só em São Paulo, 628 carteiros têm uma dívida a pagar no total de R$ 1 milhão.
Com salário bruto de R$ 850, os trabalhadores da área fim (70% do quadro) recebem R$ 741 de auxílio-alimentação, benefício que não conta para aposentadoria nem FGTS. O salário e os vencimentos dos cargos de chefia ficam entre R$ 11.750 e R$ 16.462.
107,8 mil
É o número de funcionários da estatal, sendo que 51,9 mil têm funções. Nenhuma mulher ocupa cargo de direção.
2,8 mil
Processos internos de suspeita de irregularidades envolvendo 1,5 mil funcionários circulam nos Correios
(Reportagem: Artur Filho/Fotos: Paula Sholl/Áudio: Elyvio Blower)
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