Pressa eleitoral

Fracasso do PAC: PT usou promessas de obras para alavancar campanha, condenam deputados

Deputados do PSDB criticaram o governo federal pelos atrasos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pela falta de estrutura em várias construções, como apartamentos populares. De Norte a Sul, empreendimentos usados para alavancar a campanha do PT continuam parados, atrasados ou com problemas decorrentes da pressa eleitoral. Os tucanos atribuem a lentidão à falta de planejamento e à péssima administração.

Doze dias antes do primeiro turno das eleições de 2010, o então presidente Lula visitou o trecho da ferrovia Norte-Sul que ligaria Maranhão a Goiás e anunciou que a empreitada estaria pronta em dezembro. A obra não foi entregue no fim do ano, nem em 30 de abril, limite estabelecido no balanço do PAC. Tampouco será concluída em julho, como se anunciou mais tarde. A reforma do aeroporto de Vitória, visitado por Lula no auge da campanha, só deve começar no fim de 2011, segundo a Infraero.

Para Antonio Imbassahy (BA), essa lentidão prova que o Partido dos Trabalhadores enganou a população. “Muitas promessas foram feitas para ajudar a eleição da atual presidente, mas não foram cumpridas. O PT usou de forma irresponsável o dinheiro público, fazendo muita propaganda enganosa. Hoje, o que se vê é um rosário de obras paralisadas em todo o Brasil”,  condenou.

O parlamentar considerou lamentável o fato de o governo criar expectativas no povo, mas nada concretizar. “A população passa a acreditar no governo, vê o presidente participando de inaugurações e anunciando obras que não são realizadas. Quem paga o preço no fim das contas é sempre a população brasileira”, finalizou.

O deputado Rui Palmeira (AL), por sua vez, acredita que o PAC ficou no papel, já que várias obras do programa não foram concluídas. “Infelizmente isso mostra a falta de planejamento do governo, que deixa de priorizar as coisas importantes do país”, lamentou.

Outro exemplo de obra problemática é o de Recife, onde conjuntos inaugurados há um ano têm infiltração no esgoto. Reportagem do jornal “O Globo” revela que o entupimento afeta unidades do PAC que custaram R$ 27,8 milhões. “Muita coisa foi feita a toque de caixa, sobretudo no ano passado, quando eles só pensavam nas eleições. Agora está aí o resultado: obras com problemas crônicos estruturais que terão que ser refeitas. Imagina o custo disso ao contribuinte brasileiro?”, questionou.

Para o Delegado Waldir (GO), o anúncio das obras tinha o intuito de conseguir votos para a candidata eleita. “Vivemos no Brasil um momento do ‘faz de conta’ e da ‘fantasia’. O governo usou a máquina para tentar colher votos no período das eleições”, reprovou o tucano, ao classificar de “vergonha nacional” a situação das obras no país.

A frase:

“Em várias partes do país existem conjuntos habitacionais desmoronando. Em Goiânia e em outras regiões a pessoa recebe a casa e ela desmorona. Esse é um governo de enganação. Precisamos ficar de olho nessas barbaridades, pois o dinheiro que está sendo investido nessas obras é da população. As verbas estão indo para o ralo por causa da corrupção e ineficiência do governo do PT. Não temos gestores que consigam alavancar o Brasil”.

Deputado Delegado Waldir (GO)

Construções empacadas

→ Em Vitória, o então presidente Lula afirmou, em entrevista ao jornal “A Gazeta”, que a obra de adequação do contorno rodoviário da capital capixaba, na BR-101, seria concluída em junho de 2011. Mas, segundo dados extraídos do Sistema Integrado de Informações Financeiras (Siafi), dos R$30,6 milhões autorizados no Orçamento de 2011, nenhum centavo foi pago. A conclusão dos trabalhos deve ocorrer apenas em 2012.

→ Em setembro de 2010, Lula inaugurou casas do Residencial Parque Arrudas em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Oito meses depois, o risco de inundação não faz mais parte da vida daquelas pessoas, mas a promessa de uma vida digna ficou pela metade: a construção de quadras de esporte, centro comunitário, posto de saúde e o parque ao longo do rio não saíram do papel, apesar do compromisso de finalizar a obra até dezembro de 2010.

→ Oito meses depois de serem anunciadas pelo então presidente, as obras do PAC II em Campo Grande (MS) não começaram a ser executadas.  Entre os projetos que receberão verbas do governo federal estão os de mobilidade urbana, saneamento básico e habitação.

(Reportagem: Letícia Bogéa/Foto: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)