“Marolinha” perigosa

Inflação supera o teto e corrói a renda do trabalhador, avalia Duarte Nogueira

A divulgação nesta sexta-feira (6) de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, atingiu 6,51% em abril, demonstra a incompetência da equipe econômica em tratar de um assunto da maior gravidade. Essa é a opinião do líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

“Até agora o governo tratou o aumento da inflação como uma marolinha, menosprezando o efeito corrosivo que ela tem sobre a renda do trabalhador e sobre os benefícios de quem é atendido pelos programas sociais. Quanto menor a renda, maior o impacto”, disse o parlamentar.

O resultado ultrapassa o teto estabelecido pelo Banco Central para este ano, de 6,5%. O centro da meta é de 4,5%, com dois pontos de tolerância para mais ou para menos. De acordo com Nogueira, o argumento usado pelo governo de que a inflação também é crescente em outros países não se sustenta. “A inflação de 6,5% no Brasil é muito mais perigosa do que em outros países porque aqui há indexação e memória inflacionária. Além disso, o centro da meta, de 4,5%, já é alto”, afirmou.

O líder tucano lembrou que, nesta semana, o ministro Guido Mantega pediu a empresários que não façam remarcação de preços. “Esse é mais um sinal de que bateu o desespero. Isso nos remete à época da hiperinflação, quando os ministros iam para a televisão pedir que os empresários não segurassem os estoques. Já vimos esse filme”, alertou.

Economista, o deputado Marcus Pestana (MG) acredita que o governo perdeu o controle da economia, causando apreensão na sociedade. “A inflação, que parecia coisa do passado e já arquivada no museu da história do Brasil, é um mal terrível. Não há desenvolvimento econômico possível com inflação crônica, não há justiça social porque ela penaliza sempre os mais pobres”, condenou.

Com a escalada dos preços, o otimismo das famílias brasileiras recou no mês passado para o menor nível desde a posse da presidente Dilma Rousseff. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pessimismo em relação ao futuro da economia está aumentando mais entre famílias mais pobres.

De janeiro a abril, o percentual de famílias com renda de até um salário mínimo satisfeitos com a economia caiu 7,16%. Já entre os que ganham mais de dez mínimos, o recuo foi de 1,05%. “A população é sábia e deduz que as coisas não estão indo tão bem quanto a propaganda oficial tenta demonstrar”, avaliou Pestana.

Inflação recorde

→ A taxa acumulada em 12 meses em abril é a maior desde julho de 2005, quando o IPCA ficou em 6,57%, de acordo com a série histórica do IBGE.

→ A maior alta no acumulado em 12 meses partiu do grupo despesas pessoais (8,44%), seguido de educação (8,06%) e alimentação e bebidas (7,81%), segundo o IBGE.

→ Na comparação com o mês de março, subiram os preços de batata inglesa (17,71%), feijão carioca (9,79%), ovos (4,41%), leite pasteurizado (2,66%), refeição fora do domicílio (1,25%) e pão francês (0,54%).

→ A alta no preço do etanol chegou a 11,20% em abril (em março, foi de 10,78%). No ano, totaliza 31,09%. O preço da gasolina avançou 6,26%, chegando a  9,58% no ano.

(Reportagem: Alessandra Galvão com assessoria da Liderança do PSDB na Câmara/ Foto: /Áudio: Elyvio Blower)