Batendo cabeça


ITV: na área econômica, PT mais parece uma biruta

Em sua Carta de Formulação e Mobilização Política desta quinta-feira (5), o Instituto Teotônio Vilela destaca a desorientação do governo federal na área econômica. “Dilma Rousseff parece ter percebido que apostou no cavalo errado contra a inflação e está vendo o equívoco cobrar seu preço. Vê-se agora empurrada a apelar para a ortodoxia dos juros altos e a deixar o real valorizar-se para debelar a escalada dos preços”, diz trecho do documento. Como destaca o ITV, governantes começam suas gestões atacando de cara os principais problemas, mas não é isso que está acontecendo. Leia a íntegra abaixo:

Clareza de objetivos é condição necessária para o sucesso de qualquer política. Na área econômica, então, é crucial. Passados quatro meses do início da gestão Dilma Rousseff, clareza é tudo o que não se vê nas ações empreendidas até agora. O governo mostra-se errático; não sabe se tenta controlar o câmbio ou se segura a inflação. Na dúvida, os problemas só cresceram.

Pelo menos duas reportagens dos jornais de hoje mostram que o governo está jogando na lata de lixo a receita que seguiu até agora. Dilma parece ter percebido que apostou no cavalo errado contra a inflação e está vendo o equívoco cobrar seu preço. Vê-se agora empurrada a apelar para a ortodoxia dos juros altos e a deixar o real valorizar-se para debelar a escalada dos preços.

Segundo O Estado de S.Paulo, o câmbio será usado agora como mais um instrumento de combate à inflação. Significa que serão abandonados os esforços para evitar que o dólar fique cada vez mais baratinho. Significa que o país terá mais dificuldades para exportar e que muitas das indústrias nacionais correrão o risco de sucumbir diante da concorrência estrangeira.

Com isso, o governo admite que foi um fiasco sua política de enfrentar problemas a conta-gotas – como os sucessivos aumentos de IOF para segurar o dólar e as ações para diminuir o crédito para conter a demanda e a inflação. Segundo um auxiliar da equipe econômica ouvido pelo Estadão, “não podemos ficar de medida em medida”. Já era tempo.

Vendo que sua equipe bate cabeça, a presidente da República teria decidido “pegar as rédeas da economia”, segundo o Valor Econômico em sua manchete de hoje. Em termos práticos, diz o jornal, isso teria significado optar pelo aumento de juros, pelo corte de investimentos e pelo abandono das ações para conter o dólar.

Durante viagem à China, Dilma teria percebido que sua política inicial teria chegado ao “fundo do poço”, nas palavras de um assessor graduado do governo reproduzidas pelo Valor. “Preocupada com a ineficácia da estratégia adotada [nos primeiros três meses de sua gestão], Dilma começou a mudá-la em meados de abril. A presidente considera maio o mês do verdadeiro início do seu governo”.

O objetivo único agora é combater a inflação – que só “profetas do caos” enxergam, segundo disse o ex-presidente Lula numa de suas milionárias palestras. Demorou. Durante vários meses, Dilma recusou-se a admitir que a carestia estava voltando a ser algo a merecer especial atenção do governo. Desdenhou o problema, baseada em falsas convicções – a mais grave delas a de que os aumentos refletiam apenas um movimento especulativo global em torno dos preços das matérias-primas.

Num momento em que era necessário redobrar a atenção, o governo da presidente optou por medidas de laboratório, como as chamadas “macroprudenciais”, com as quais preferiu restringir a oferta de crédito ao invés de agir para esfriar a demanda por meio da política monetária. A tese em si não é má, só é bastante inadequada pra situações de descontrole, como a que atravessamos.

Diante de um orçamento engessado e sobrecarregado pelo absurdo aumento dos gastos nos anos recentes, a atual gestão também opta agora por garrotear os investimentos, que cresceram 2,5% abaixo da expansão do PIB no primeiro trimestre. É a velha má receita sendo posta em prática: em lugar de diminuir seus gastos correntes, o governo deixa de aplicar na melhoria da estrutura do país e cobra mais tributos dos contribuintes. Sem norte, também apela para que empresas não remarquem preços.

Governantes costumam começar suas gestões atacando de cara os principais problemas. Não foi o que se viu na atual gestão. A dura realidade não convive bem com vácuos; quando menos se espera a tempestade já invadiu. À boca pequena, o governo já conta que a economia cresça neste ano metade do que cresceu em 2010. Não foi por falta de aviso.

(Fonte: ITV)

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5 maio, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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