Oportunismo eleitoral


Para parlamentares, reintegração de mensaleiro ao PT demonstra impunidade

A reintegração do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao Partido dos Trabalhadores (PT) demonstra que sua expulsão, em 2005, não representou uma punição, mas se deu por conveniência e oportunismo eleitoral. Essa é a avaliação dos deputados Antonio Imbassahy (BA) e Ricardo Tripoli (SP). Com ampla maioria, o partido aprovou a volta do mensaleiro à legenda em reunião do Diretório Nacional no último fim de semana. Para os tucanos, o retorno oficial é um péssimo exemplo para a democracia.

“O PT dá um péssimo exemplo ao povo brasileiro ao reabilitar um dos principais protagonistas do processo de corrupção do governo Lula. Trazer de volta uma figura execrada pela opinião pública para participar da vida partidária mostra que a expulsão de Delúbio foi por conveniência e não por convicção, ideologia, pensamentos ou ideais republicanos”, condenou Imbassahy.

Tripoli considerou “lamentável” a reintegração de um dos grandes mentores do mensalão aos quadros do PT. “Isso é um acinte. É uma maneira de mostrar para a sociedade que eles não estão preocupados com a questão da ética, da moral, do bom comportamento público. A impunibilidade é o que tem sido demonstrado pelo governo”, reprovou.

Segundo o deputado por SP, a população vai cobrar do PT a medida tomada pela executiva nacional. “Isso depõe contra a classe política do PT e eles pagarão um preço alto. A reintegração de Delúbio mostra que a expulsão era um oportunismo eleitoral e não o reconhecimento de que ele cometeu um delito”, criticou.

“A refiliação de Delúbio ao partido demonstra que o PT aprova o mensalão”, condenou, pelo Twitter, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

Reportagem da revista “Época” chama a atenção para negócios de familiares do ex-tesoureiro com empresas prestadoras de serviços ao governo federal. De acordo com a reportagem, os problemas com as autoridades não impediram a volta de Delúbio ao PT nem atrapalharam seus negócios. Em 2007, Delúbio criou o site Geral Imóveis para divulgar anúncios imobiliários em Goiânia, em sociedade com a irmã, Delma Soares. A empresa ajuda os interessados a conseguir um financiamento do governo por meio do “Minha Casa, Minha Vida”. Um dos anunciantes do site é o grupo Brookfield, que constrói imóveis para o principal programa habitacional do governo e tem relações com a família de Delúbio.

Segundo o executivo da Brookfield, Marcelo Borba, a construtora costuma contratar a empresa Brasil Gerais, de Carlos Rubens Soares, irmão de Delúbio, para prestar serviços de logística nas obras da incorporadora. A empresa de Carlos Rubens Soares participou da construção de prédios vendidos à Previ, o bilionário fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Valor do negócio: R$ 342 milhões.

Para Imbassahy, as relações com as empresas ligadas ao governo atestam que, embora Delúbio estivesse afastado do PT, a influência e a participação no partido eram ativas. “Eu vejo com insatisfação e tristeza que essas relações de promiscuidade permanecem”, lamentou o tucano.

Réu de volta à ativa

Delúbio assumiu a responsabilidade pelo esquema de compra de apoios no Congresso montado pelo PT. É réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha no caso do mensalão.

Delúbio também é réu por corrupção ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro por envolvimento na máfia dos vampiros, que fraudava licitações de medicamentos no Ministério da Saúde. A PF descobriu que parte do dinheiro público foi desviada para o PT.

Há um ano, Delúbio foi condenado por improbidade administrativa pela Justiça de Goiás. Ele apresentava declarações falsas para receber salários como professor da rede pública de ensino do Estado e morava em São Paulo. Seus direitos políticos foram cassados e ele terá de devolver R$ 165 mil aos cofres públicos.

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(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Agência Câmara e Eduardo Lacerda/Áudio Elyvio Blower)

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2 maio, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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