Herança maldita


Ações de combate à alta dos preços são insuficientes, alertam Rui Palmeira e Carlaile Pedrosa

A preocupação da presidente Dilma Rousseff com a inflação contradiz as ações adotadas pelo governo. Para os deputados Rui Palmeira (AL) e Carlaile Pedrosa (MG), a elevação da taxa básica de juros, como fez o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana passada, é insuficiente para controlar a escalada dos preços. Os juros passaram de 11,75% para 12% ao ano.

Ontem, o mercado financeiro elevou pela sétima vez consecutiva a previsão para a alta de preços em 2011. Em seguida, Dilma definiu como “imensa preocupação” a inflação e prometeu combatê-la de forma acirrada. Na opinião dos tucanos, até agora a tentativa de frear a escalada dos valores de bens de primeira necessidade, como os alimentos, não surtiu efeito. Pelo contrário, as estimativas se aproximam cada vez mais do teto da meta, de 6,5% para este ano. O boletim Focus, feito com informações do mercado, elevou de 6,29% para 6,34% a previsão para a inflação em 2011. O centro da meta para o ano é 4,5%.

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“Se ela (Dilma) está preocupada, imagina a população que vai diariamente à feira ou ao supermercado e se depara com aumentos não vistos há muito tempo. É realmente motivo de preocupação para a presidente, e mais ainda para os pobres. Ela precisa agora tomar decisões urgentes. Só aumentar a taxa de juros e não adotar outras medidas fundamentais me faz acreditar que a escalada da inflação continuará”, avaliou Rui Palmeira. O parlamentar ressaltou que o combate à inflação é o legado do PSDB para o país.

Palmeira afirmou que falta pulso do Planalto para controlar os preços. Segundo ele, a “gastança desenfreada em algumas áreas” precisa ser eliminada. A seu ver, cargos comissionados, diárias em hotéis e gastos com viagens e cartões corporativos devem ser reduzidos imediatamente. “O governo parece um tanto quanto perdido. Ele aumenta os juros reiteradas vezes, mas a inflação não baixa. Precisa-se de ação mais forte”, ponderou.

A opinião é compartilhada por Carlaile Pedrosa, para quem a preocupação da petista deve ser real, mas o problema não é encarado de forma séria. “A presidente tem que se preocupar, mas também tem que ter ações para conter a inflação e não deixar que ela tome conta do nosso país. Ela se preocupa com a alta dos preços, mas não se preocupa com a máquina inchada. O governo precisa trabalhar em cima de ações definitivas para reverter a situação”, cobrou.

Previsões pessimistas

→ As cinco instituições que mais acertaram suas previsões nos últimos 12 meses esperam inflação de 6,49% no fim desse ano.

→ Ontem, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou que o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) teve variação de 0,80% nas quatro semanas encerradas em 22 de abril. A medição anterior, até o dia 15, havia mostrado variação de 0,83%. Os combustíveis continuaram pressionando os preços. A pesquisa verificou elevação de 4,66% no litro da gasolina durante o período. Na sondagem anterior, a alta foi de 3,76%. Já o álcool subiu 12,59%, ante 14,01% constatados no levantamento prévio. Com isso, os custos com transportes, como um todo, cresceram 1,82%.

→ De acordo com o IPCA, os alimentos que mais subiram até a primeira quinzena de abril foram: o tomate, 74,21%; a cebola, 35,56%; as hortaliças, 35,1%; o pimentão, 14,74%; os pescados, 9,62; o óleo de soja, 8,54%; o ovo de galinha, 7,81%; as fritas, 7,71%; a  batata inglesa, 6,87%; e o açúcar cristal, 5,75%.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda / Áudio: Elyvio Blower)

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26 abril, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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