Crise em usina
Demissão de operários em Jirau demonstra contradição do Planalto, criticam tucanos
Parlamentares do PSDB reagiram nesta sexta-feira (15) à demissão em massa de funcionários que trabalham na usina de Jirau, em Rondônia. Nas últimas semanas, o empreendimento esteve paralisado em virtude de protestos de trabalhadores contra más condições de trabalho. Na última quarta-feira (13), governo federal e empreiteiras se reuniram para tentar buscar uma solução para o impasse. Mas ao invés de melhorar as condições de trabalho dos operários, o Planalto decidiu negociar a redução do ritmo das obras, motivando as demissões. Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), a degola expõe “mais uma incoerência” da gestão petista.
Reportagem do jornal “O Globo” revela que embora a Camargo Corrêa, empreiteira responsável pelo empreendimento, tenha informado que ainda está concluindo o levantamento sobre o número de demissões, a estimativa dos representantes dos trabalhadores é que haja dispensa de quatro a seis mil operários. “No momento em que a inflação está dando sinais de descontrole, o governo propõe a demissão de seis mil trabalhadores. Ao estimular o desemprego, o PT adota a prática contra a qual passou a vida criticando. É muita incoerência”, comentou Nogueira. A usina é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
baixe aquiDe acordo com o parlamentar, ao propor o desemprego, o governo evidencia a política que adotou, de prejuízo aos trabalhadores. “Primeiro o governo impôs o não reajuste do salário mínimo, interrompendo um período de 16 anos de ganhos reais, e agora estimula as demissões nos canteiros de obras do PAC, programa que, conforme a propaganda oficial, gera emprego e renda”, apontou.
O objetivo do governo é tentar eliminar os problemas nas contratações e acabar com as denúncias de maus-tratos contra os empregados, como ocorreu em Jirau. Para o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), essa medida não resolverá o problema e sim o aumentará, pois deixará milhões de trabalhadores desempregados.
“A bomba relógio deixada por Lula e agora com a Dilma é algo incalculável. A cada dia estoura um problema no governo do PT. E agora surge mais outro, que é a demissão dos operários. Com tudo isso, é o trabalhador que sai perdendo”, lamentou, ao afirmar que o PT se caracterizou como um partido das contradições, já que, na teoria, defende os trabalhadores. De acordo com o deputado, muitos trabalhadores da obra devem ser de outros municípos, o que gera um problema social grave em toda a região.
Obras paradas e maus-tratos
→ A reportagem mostra ainda que antes da rebelião e da paralisação do empreendimento, em março, Jirau trabalhava em ritmo acelerado para antecipar a construção, e tinha 22 mil operários. Quatro mil foram mandados de volta aos estados de origem.
→ O vice-presidente do Sticcero, Altair Donizete, se disse contra a decisão da Justiça do Trabalho de autorizar as demissões, mas quer o acompanhamento do sindicato para evitar irregularidades nas rescisões.
→ Oitenta mil trabalhadores já cruzaram os braços em protesto por melhores condições de trabalho.
(Reportagem: Letícia Bogéa com informações da assessoria de imprensa da Liderança do PSDB na Câmara/ Foto: Eduardo Lacerda/ Áudio: Elyvio Blower)
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