Um estelionato eleitoral, por César Colnago
Nos seus primeiros 100 dias o governo Dilma seguiu à risca a máxima a qual “na prática, a teoria é outra” ou vice-versa, confirmando preocupações da oposição sobre o estelionato eleitoral que ludibriou a sociedade brasileira. Dilma candidata não fala a mesma língua da Dilma presidente, e o Brasil paga um alto preço por isso.
Pesquisa da ONG Contas Abertas revela um balanço na contramão do que foi anunciado no promessômetro da campanha petista que garantia um país das maravilhas, o qual “não precisava de ajuste fiscal”. A gastança é a marca desses 100 dias e a volta da inflação é uma realidade.
Os números são irrefutáveis. O governo gastou a mais R$ 10 bilhões com pessoal e custeio no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2010. Incluindo gastos com juros, a soma chega a R$ 13,2 bilhões. Os gastos sigilosos com cartão corporativo do gabinete da Presidência somaram R$ 1,6 milhão, superando em 62% a média mensal de 2010, de R$ 512 mil.
Em contrapartida, reduziu em R$ 300 milhões os investimentos no mesmo período e apenas 0,1% do orçamento do PAC para 2011 foi pago no primeiro trimestre – R$ 54,4 milhões dos R$ 40,1 bilhões autorizados. Dos R$ 8,2 bilhões empregados em investimentos no trimestre, R$ 7,9 bilhões são de resto a pagar herdados da Era Lula, situação que vai perdurar nos próximos meses.
O governo contingencia R$ 50 bilhões no Orçamento que atinge investimentos na infraestrutura do país, concursos públicos e obras nos municípios, mas, contraditoriamente, abre as torneiras pra irrigar criação de mais ministérios e cargos comissionados.
A batalha do salário mínimo mostrou a real face do governo. Jogando o discurso fora, Dilma empurrou para os t rabalhadores um reajuste irrisório. O programa “Minha Casa, Minha Vida” é outra promessa que desfaz sonhos e atrai pesadelos. Se a primeira fase enfrenta problemas de toda a ordem, a segunda está empacada com previsão de atraso de seis meses, levando incertezas ao mercado e às famílias.
Não à toa que Dilma já antecipou que os quatro anos de seu mandato não serão suficientes pra erradicar a miséria no país. Mais um estelionato político.
Esse quadro de incertezas se reflete na economia do Espírito Santo com falta de avanços da conhecida “cabeça-de-burro” enterrada na agenda velha da infraestrutura capixaba (portos, aeroportos e rodovias), além da ameaça sobre os royalties do pré-sal e, para piorar, de outra que paira sobre a extinção do Sistema Fundap, asfixiando os cofres do Estado e dos municípios.
(*) César Colnago é deputado federal pelo PSDB-ES.
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