Balanço do governo

Duarte Nogueira reprova descontrole das contas públicas e volta da inflação

Em pronunciamento no plenário, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), afirmou nesta terça-feira (5) que o governo da presidente Dilma Rousseff vive momento de desequilíbrio das contas públicas e enfrenta paralisia dos investimentos no país. Ao fazer balanço dos cem primeiros dias do mandato da petista, Nogueira destacou ainda os sinais de descontrole da inflação, penalizando a população mais pobre.

“Nesses primeiros cem dias, (o governo) já cortou R$ 50,6 bilhões do Orçamento da União, suspendeu os concursos públicos, congelou as convocações já aprovadas e passou o facão em emendas do Legislativo, tirando recursos de creches, hospitais, da construção de unidades básicas de saúde, inclusive recursos da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apaes). São promessas feitas na campanha política e, mais uma vez, descumpridas pelo governo”, destacou.

O deputado apontou que as medidas adotadas até agora contrariam o discurso de estabilidade da economia. Cita o aumento dos preços dos produtos de alimentação, que pesou especialmente no bolso dos menos favorecidos. “E o discurso de estabilidade continua, como se nada estivesse fora do lugar”, criticou.

Ele ressaltou a promessa da presidente de reduzir os gastos públicos e o pedido de austeridade aos brasileiros, ao mesmo tempo em que ostenta 40 ministérios na Esplanada. Além disso, segundo o tucano, o Planalto não concedeu um aumento real do salário mínimo.

Em determinado momento do discurso, ele pontuou que os investimentos estão paralisados na gestão Dilma e o governo tem se limitado a pagar as contas deixadas pelo ex-presidente Lula, que abriu os cofres no período eleitoral. “Todos sabem que hoje temos um orçamento paralelo, o da gastança, que veio do governo Lula”, condenou.

Nogueira citou levantamento da Assessoria Técnica da Liderança do PSDB, segundo o qual, dos R$ 63,9 bilhões reservados para investimentos até o final do mês de março, o governo empenhou apenas R$ 3,9 bilhões e pagou efetivamente R$ 306 milhões, total de 0,3% do orçamento para investimentos.

O tucano também reprovou a declaração de Dilma Rousseff no programa “Café com a Presidente”, de que no Brasil só não estuda quem não quer. “Não faz sentido dizer isso. As pessoas não estudam, porque não conseguem estudar, porque não há uma universalização dessa oferta”, disse, ao lembrar que se não fosse por pressão da oposição o governo não apresentaria as diretrizes do Plano Nacional da Educação.

O líder recordou ainda o relatório da Polícia Federal, divulgado nesta semana, que reconheceu a existência do mensalão. O documento desmente as declarações do PT e do ex-presidente Lula. “O presidente Lula negava tanto o mensalão e não vai poder fazê-lo mais. Era como se o Ahmadinejad, do Irã, que tanto nega o holocausto, pudesse reconhecer que de fato ele existiu, como existiu de fato o mensalão”, concluiu.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: Eduardo Lacerda/ Áudio: Elyvio Blower)