Má gestão
Parlamentares afirmam que atrasos nas obras da Copa mostram incapacidade gerencial do governo
O desperdício de recursos públicos, a imagem do Brasil no cenário internacional e a lentidão na execução das obras preparatórias para a Copa do Mundo de 2014 preocupam a vice-presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, Marisa Serrano (MS), e o integrante da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, Otavio Leite (RJ). Segundo os tucanos, as críticas do presidente da Fifa, Joseph Blatter, frente à demora nos preparativos para o evento esportivo, um dos maiores do mundo, refletem a incapacidade de gestão do governo brasileiro.
Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Blatter teria dito que a pouco mais de três anos para o início do mundial, muitas obras essenciais de infraestrutura sequer começaram, outras seguem lentamente. E também há atraso do Brasil numa comparação com o evento realizado em 2010, na África do Sul.
Para Marisa Serrano, além do nome do país, está em jogo um elevado volume de dinheiro público, motivo pelo qual o governo deveria ser ainda mais zeloso com a execução das obras. “A morosidade na realização das obras mostra a incapacidade do governo federal”, afirmou. Segundo a senadora, o governo petista tem como característica marcante a fraca execução das obras, apesar de uma intensa política de publicidade. “Essa é uma tática do governo, o ufanismo. Na hora de lançar uma obra, o marketing é muito pesado. Mas, ao executá-la, o governo não tem competência para colocá-la em prática. A estratégia é observada com clareza na execução das obras da Copa”, observou.
Por seu turno, Otavio Leite reforçou a declaração da senadora. A seu ver, falta competência ao governo federal. “É realmente a revelação de uma incompetência brutal. Além disso, observamos a ausência de alternativa que utilize parceiros públicos e privados. O presidente da Fifa apresenta ao governo um cartão amarelo, que preocupa a todos os brasileiros”, criticou. O tucano recordou que o ministro do Esporte, Orlando Silva, foi convidado a esclarecer o atraso das obras do mundial na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara.
Estimativas de retorno financeiro com realização do evento costumam ser superestimadas
→ A expectativa é que o Brasil receba pelo menos 500 mil turistas durante a Copa do Mundo em 2014, nas 12 sedes do mundial.
→ Estima-se que, para a realização do evento esportivo, o Brasil investirá 5 bilhões de dólares. A previsão, no entanto, é que as cifras sejam maiores.
→ Os gastos com infraestrutura nas cidades que sediarão os jogos, como a construção de estádios, obras em estradas, aeroportos e sistemas de telecomunicações, serão realizadas pelo governo, ou seja, com dinheiro público.
→ Segundo a revista Veja, as estimativa sobre o número de turistas, geração de empregos e impactos do evento sobre o Produto Interno Bruto (PIB), em geral, são exageradas. Levantamentos dão conta de que em 1994 os Estados Unidos aumentaram em 1,4% o PIB; em 1998, na França, o aumento foi de 1,3%; em 2002, a Coréia o elevou em 3,1%, enquanto o Japão teve decréscimo de 0,3%; e a Alemanha teve 1,7% a mais no PIB em 2006. Antes do Mundial na Alemanha, falou-se na criação de 100.000 empregos. Estudo feito depois do evento contabilizou apenas metade do total. A Coréia do Sul esperava 500.000 turistas a mais em 2002. Só apareceram 50% deles.
→ Esta será a segunda vez que o Brasil sediará a Copa do Mundo. A primeira vez foi em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada na final pelo Uruguai.
baixe aqui(Reportagem: Artur Filho / Fotos: Eduardo Lacerda / Áudio: Elyvio Blower).
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