Canteiros parados
Luiz Fernando Machado cobra ação do governo para resolver situação “degradante” de operários em obras do PAC
O conflito com os 80 mil operários de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que cruzaram os braços só será resolvido quando o governo oferecer condições de trabalho dignas, na avaliação do deputado Luiz Fernando Machado (SP). Pressionado pela revolta que gerou a greve dos trabalhadores, o Executivo promoveu uma reunião na última terça-feira (29) no Palácio do Planalto. De um lado, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Do outro, representantes das centrais sindicais e das empresas. Marcada pela divergência, a conversa resultou apenas no agendamento de uma segunda reunião, prevista para quinta-feira (31).
O ministro admitiu uma parcela de responsabilidade do governo federal na origem das revoltas de trabalhadores nas usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, em Rondônia. Segundo relato de participantes, Carvalho reconheceu que a estrutura urbana próxima ao canteiro de obras não foi bem planejada.
Integrante da Comissão de Trabalho da Câmara, Machado disse que a questão não é prioridade para o Planalto. “O governo pensou de maneira secundária nos trabalhadores, a partir do momento em que colocou as obras do PAC e as usinas como prioridade. Isso levou ao início dos empreendimentos sem uma estrutura digna para os operários, deixando-os em condições desumanas nesses canteiros de obras”, avaliou o tucano. Os sindicatos sustentam que a situação dos empregados de obras do PAC é degradante. Os empresários negam.
Levantamento do jornal “O Globo” revelou a ocorrência de 40 mortes desde 2008 em 21 empreendimentos do programa que é vitrine do governo federal. Em algumas construções, houve mortes por choque, soterramento e queda. “A situação é degradante porque revoltas dessa natureza e do nível que aconteceu nas hidrelétricas em construção não são comuns. Somente os operários têm legitimidade para falar das suas condições de trabalho”, ponderou o deputado.
Na reunião de ontem, a única decisão concreta foi a criação de uma comissão tripartite – formada por governo, sindicatos e empresários – para verificar as condições de trabalho nas obras do PAC. Na avaliação do parlamentar, a “boa vontade” de criar a comissão não é suficiente. Para ele, é fundamental que o Executivo tenha ações efetivas em benefício dos operários. “O conflito será resolvido quando o Planalto não fizer só discurso, mas tomar ações práticas e priorizar esses trabalhadores que entregam suas vidas e sacrificam suas famílias para poder servir ao Brasil na construção de grandes hidrelétricas. As comissões só têm de fato uma boa repercussão quando produzem efeitos positivos na vida dos trabalhadores”, declarou Machado.
baixe aqui(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto: Brizza Cavalcante/Ag. Câmara/Áudio: Elyvio Blower)
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