Vexame a caminho


“Política do puxadinho” do PT visando preparar o Brasil para a Copa de 2014 não está funcionando, alerta ITV

Em sua carta de conjuntura desta terça-feira (30), o Instituto Teotonio Vilela chama a atenção para o vexame que o Brasil pode passar na Copa do Mundo de 2014. Como lembra o ITV, o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que o Brasil está se saindo pior que a África do Sul na preparação para o torneio. “Entre as 12 cidades-sede, há problemas e atrasos evidentes por todo lado. Se nos estádios propriamente ditos o ritmo é exasperante, muito pior é a situação nos aeroportos e nas obras de mobilidade urbana associadas ao Mundial. A “política do puxadinho” posta em prática pelo PT não está funcionando”, diz o documento do instituto, cuja íntegra está disponível abaixo.

Placar da Copa: África 1 x 0 Brasil

Não é novidade para qualquer mortal que passe próximo a algum estádio brasileiro em reforma que o ritmo das obras com vistas à Copa do Mundo de 2014 é lento, lentíssimo. A constatação ganhou ontem ares oficiais com a declaração do presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em suma, ele disse que o Brasil está se saindo pior que a África do Sul, que sediou o último Mundial.

“Gostaria de dizer para meus colegas brasileiros que a Copa de 2014 é amanhã. Os brasileiros acham que ela vai ser depois de amanhã”, alertou Blatter. Há alguns meses, a própria Fifa já havia declarado que “falta tudo” para a segunda Copa brasileira virar realidade. Aproxima-se um vexame – temido, aliás, pelo próprio rei Pelé.

Prevê a Fifa que, da forma como caminham as obras, as duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio, sequer terão seus estádios prontos para a Copa das Confederações, festividade que precede o Mundial e será realizada em 2013. Algo assim nunca aconteceu antes num país que tenha sediado uma Copa do Mundo de Futebol. Qual a razão para a incúria brasileira?

Entre as 12 cidades-sede, há problemas evidentes por todo lado, e não apenas em São Paulo e Natal, conforme aponta o Ministério dos Esportes. Em São Paulo, o Itaquerão, a imensa arena do Corinthians com capacidade para 65 mil pessoas, ainda não saiu do chão. Mas já deverá custar uns 20% mais do que o inicialmente previsto, beirando R$ 700 milhões, conforme admitiu ontem o presidente do clube. Boa parte do valor virá de renúncias fiscais da prefeitura da cidade.

Em Natal, a licitação do empreendimento foi concluída apenas no último dia 11, vencida pela única concorrente habilitada: a construtora OAS, que irá realizar as obras e gerenciar o Estádio das Dunas. As obras do novo estado da Fonte Nova, em Salvador, já custam quase o triplo do inicialmente orçado e há problemas claros também em Cuiabá, Curitiba e Porto Alegre.

Em Cuiabá, onde se constrói a Arena Pantanal, a obra de fundação deveria terminar em dezembro, mas foi retardada devido às chuvas. O monumental estádio terá capacidade para 42 mil pessoas, embora não se tenha claro, por ora, para que servirá depois de passada a Copa: pelo campeonato mato-grossense, as médias de público raramente superam 2 mil torcedores.

Em Curitiba, as obras na Arena da Baixada, do Atlético Paranaense, começam apenas em junho. Outro motivo de preocupação é a reforma do Beira Rio, para a qual a diretoria do Internacional anunciou que busca um parceiro, o que poderá atrasar o ritmo dos trabalhos.

Se nos estádios propriamente ditos o ritmo é exasperante, muito pior é a situação nos aeroportos – apontada pela CBF – e nas obras de mobilidade urbana associadas à Copa de 2014 – admitida pelo Ministério dos Esportes.

Em sua edição de sábado, O Estado de S.Paulo mostrou que, “a 33 meses e poucos dias do prazo final para a entrega das obras em aeroportos para a Copa do Mundo, só 2,4% dos investimentos bilionários programados saíram do papel”.

Das 24 obras planejadas pela Infraero nas 12 cidades-sede, orçadas em R$ 5,2 bilhões, somente quatro foram iniciadas. Neste ano, a Infraero deve investir R$ 577 milhões apenas. O valor terá que triplicar em cada um dos próximos três anos para que a programação da estatal até 2014 seja cumprida.

Sobre as obras de melhorias urbanas, então, nem é bom falar. Em fevereiro, o TCU detectou um bocado de irregularidades e esquisitices nelas. Um exemplo é o custo do VLT de Brasília, que saltou de R$ 364 milhões para R$ 1,55 bilhão.

Já o monotrilho de Manaus está sendo licitado sem projeto básico completo, “o que pode gerar vários riscos à administração pública em face de inevitáveis aditivos ilegais que serão futuramente firmados tendo como origem os vícios apontados”, aponta o Ministério Público Federal e do Amazonas, contrários ao prosseguimento da concorrência.

Se Joseph Blatter aceitar o convite que o ministro Orlando Silva pretende fazer-lhe para visitar as obras no país, é possível que a Fifa redobre sua descrença quanto ao sucesso brasileiro. Os alertas não são novos, mas a única coisa que o governo petista conseguiu fazer até agora foi tentar remendar a legislação e enfraquecer instâncias de fiscalização, como o TCU, para afastar incômodos entraves às obras. Vê-se que a política do puxadinho não está funcionando.

(Fonte: ITV)

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29 março, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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