Apetite por cargos e poder


Caixa Econômica está sendo fatiada como salame entre partidos aliados ao governo Dilma, critica ITV

Ao destacar o anúncio feito pelo governo Dilma de mudanças no comando da  Caixa Econômica Federal, o Instituto Teotônio Vilela faz o alerta: o banco estatal está sendo fatiado feito salame entre os partidos da base de apoio ao Palácio do Planalto. “O episódio ocorre na mesma semana em que veio à tona a sanha governista por apossar-se do controle da Vale. O apetite petista por cargos e poder parece não ter limites”, critica o ITV nesta sexta-feira (25). O documento também chama a atenção para as consequências do aparelhamento político do banco, temido por executivos do setor e até servidores de carreira do governo federal.

“A Caixa é apenas mais um exemplo a engrossar o rol de ataques dos governos petistas ao patrimônio público, onde despontam também os Correios, a Eletrobrás, a Petrobras. A Vale pode ser o próximo bastião a cair: hoje à tarde, informa o Valor Econômico, os acionistas controladores da mineradora, com a presença de Guido Mantega, se reúnem em São Paulo ‘para acertar os detalhes da demissão de (Roger) Agnelli e da escolha de seu substituto’. Negócio de petista é assim: feito a portas fechadas, atende ao interesse de poucos e joga o prejuízo para os contribuintes. Quem quer dinheiro?”, questiona o ITV no texto intitulado “A Caixa caiu”, cuja íntegra está disponível abaixo.

O governo Dilma anunciou ontem mudanças no comando da Caixa Econômica Federal. O banco estatal está sendo fatiado feito salame entre os partidos da base de apoio à presidente. O episódio ocorre na mesma semana em que veio à tona a sanha governista por apossar-se do controle da Vale. O apetite petista por cargos e poder parece não ter limites.

Maria Fernanda Ramos Coelho foi tirada da presidência do banco, que ocupava há cinco anos. Para alguns, por ser “de carreira, muito técnica” – segundo a Folha de S.Paulo – ela só atrapalhava. Para o governo, saiu porque quis. Mas fato é que seu histórico de gestora à frente da Caixa também não inspira lá elogios.

A instituição é a principal responsável pela condução do Minha Casa, Minha Vida. Lançado há dois anos, o programa tinha como meta construir 1 milhão de moradias. Até dezembro, havia, porém, entregue apenas um quarto disso, ou, mais precisamente, 247 mil unidades. Para a faixa de menor renda (até três salários mínimos), nem isso: das 400 mil previstas, não saíram do chão nem 20 mil.

Com Maria Fernanda no comando, a Caixa também cometeu a proeza de comprar um banco quebrado, dono de um rombo financeiro de mais de R$ 4,3 bilhões: o Panamericano de Silvio Santos. O negócio foi fechado pelo governo Lula em fins de 2009, o banco foi à lona menos de um ano depois (tão logo acabaram as eleições presidenciais), mas há indícios de que as fraudes contábeis já vinham desde 2006.

Mas, indica o noticiário, a pernambucana Maria Fernanda caiu menos por ter comprado gatos por lebres financeiras do que por ter se recusado a engolir sapos políticos. Diz O Estado de S.Paulo que o que a derrubou foi “colisão com Palocci”. O interesse público passou longe.

O ministro-chefe da Casa Civil estaria ansioso para saldar a conta com o PMDB, na forma de partilha do segundo escalão dilmista. A fatura não vai sair barata. Começa por escalar Geddel Vieira Lima para uma das vice-presidências da Caixa, a de Pessoa Jurídica. Diz-se que também pode vir a incluir o ex-governador da Paraíba, José Maranhão.

Geddel tem currículo a apresentar. Poderá executar na direção da Caixa a mesma política equilibrada e republicana que adotou quando era ministro da Integração Nacional. Ali, destinou quase toda a verba nacional disponível para prevenção a desastres naturais a seu estado natal, a Bahia – cujo governo ele disputou e perdeu em outubro passado. Naquela mesma época, o Rio de Janeiro se viu soterrado em tragédias, sem ver a cor do dinheiro do ministério de Geddel.

Já o também peemedebista Maranhão é acusado de ter quebrado o estado da Paraíba e estourado todos os limites estipulados pela Lei de Responsabilidade Fiscal para a folha do funcionalismo quando era governador. O PMDB já tem Fábio Lenza na direção de Pessoa Física da Caixa: no banco desde 2007, é considerado da “cota do senador José Sarney”.

Resume a Folha de S.Paulo as consequências previsíveis do fatiamento do banco federal: “A entrada do PMDB na diretoria da Caixa Econômica Federal preocupa executivos do setor bancário e até servidores de carreira do governo federal, que temem um loteamento político maior na área econômica do governo e um atraso na expansão do crédito imobiliário brasileiro.”

Mas, como é de se esperar, não foi apenas o PMDB que avançou sobre o butim da Caixa. Não sem antes lançar-se em brigas intestinas, o PT também conquistou novos espaços no comando da instituição. As facções paulista e gaúcha da sigla se digladiaram pela cadeira de Maria Fernanda e quem acabou ficando com a vaga foi Jorge Hereda.

Ele é do PT paulista, do grupo de Marta Suplicy, de quem foi secretário de Serviços e Obras na prefeitura de São Paulo. Também ocupou secretarias nas áreas de Habitação e Desenvolvimento Urbano em outros municípios paulistas governados pelo PT. Deve entender dos negócios.

A Caixa é apenas mais um exemplo a engrossar o rol de ataques dos governos petistas ao patrimônio público, onde despontam também os Correios, a Eletrobrás, a Petrobras. A Vale pode ser o próximo bastião a cair: hoje à tarde, informa o Valor Econômico, os acionistas controladores da mineradora, com a presença de Guido Mantega, se reúnem em São Paulo “para acertar os detalhes da demissão de (Roger) Agnelli e da escolha de seu substituto”. Negócio de petista é assim: feito a portas fechadas, atende ao interesse de poucos e joga o prejuízo para os contribuintes. Quem quer dinheiro?

Fonte: ITV



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25 março, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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