Contradição presidencial
Deputados criticam incoerência de Dilma ao anunciar governo “municipalista”
O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) considerou surpreendente e incoerente a declaração da presidente Dilma Rousseff de que seu governo será “municipalista”. A petista afirmou nesta quinta-feira (17), em Uberaba (MG), que terá uma relação “qualificada e de parceria” com prefeitos, já que uma série de projetos de seu governo só poderá ser viabilizada com o apoio das prefeituras. Mas o anúncio da presidente acontece ao mesmo tempo em que o Planalto corta R$ 1,8 bilhão em emendas parlamentares, que visam beneficiar exatamente os municípios, dentro do pacote de cortes do Orçamento de R$ 50 bilhões.
“Essa declaração embute uma incoerência muito grande, porque ao mesmo tempo em que diz isso ela cortou as emendas dos parlamentares diretamente ligadas aos prefeitos. Essas propostas previam recursos e verbas para os municípios e praticamente todas foram cortadas. Portanto, essa declaração nos surpreende porque uma coisa é o discurso e a outra é a prática”, avaliou Mendes Thame nesta sexta-feira (18).
O tucano criticou ainda a forma de a presidente estabelecer proximidade com as prefeituras. “A presidente Dilma pretende estabelecer um vínculo direto com prefeitos ignorando os parlamentares, as lideranças regionais e até líderes do seu próprio partido. Essa relação direta com os prefeitos nunca deu certo. Ela funciona quando se respeitam as lideranças naturais de cada região que são os avalistas e os fiadores das ações de desenvolvimento regional”, condenou o vice-líder da Minoria.
Em entrevista à “Agência Estado”, o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), destacou que a petista foi contraditória. Segundo Nogueira, quase a totalidade dos recursos das emendas dos parlamentares vai para os municípios, na forma de verbas para educação e saúde, entre outras áreas. “Há antagonismo entre o que ela fala e o que faz”, afirmou o parlamentar.
A declaração de Dilma foi feita durante a assinatura de protocolo de intenções entre o governo mineiro, a Petrobras e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para a construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados e de um gasoduto. (Reportagem: Alessandra Galvão/Fotos: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)
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