Critério político?


Estados mais afetados por “tesourada” do Planalto nas emendas são administrados por tucanos

Três estados administrados por governadores tucanos foram os mais afetados pelo corte histórico de emendas parlamentares anunciado pelo governo Dilma. Levantamento realizado pela ONG “Contas Abertas” mostra que Minas Gerais, Roraima e São Paulo sofreram os mais altos cortes orçamentários entre as 27 unidades da federação. Deputados do PSDB receberam a notícia com a desconfiança de que o ato possa representar uma retaliação política e alertaram para os prejuízos que a população desses estados terão com a “tesourada” do Planalto de R$ 1,8 bilhão.

O líder da Minoria na Câmara, deputado Paulo Abi-Ackel (MG), ficou surpreso com o que classificou de “desprezo” com os mineiros e lembrou que, durante a campanha eleitoral de 2010, Dilma Rousseff fez questão de usar o fato de ter nascido em Minas para alavancar sua candidatura.

De acordo com o tucano, a atitude adotada pela petista, agora na Presidência da República, se assemelha muito com aquela usada por seu antecessor. No governo Lula, segundo o tucano, Minas também foi prejudicada e teve, ao longo de oito anos, inúmeras iniciativas não concluídas por causa dos contingenciamentos do Planalto.

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“Os cortes em Minas são uma demonstração da falta de apreço com os mineiros e também uma prova de que Dilma usou a ‘figura de mineira’ na campanha de forma apenas oportunista. Quero crer que isso não seja uma retaliação ao povo do estado que elegeu o PSDB nos últimos oito anos. Ficamos perplexos e muito preocupados, pois isso nos faz crer que a presidente prioriza os estados governados por partidos de sua base e prejudica aqueles sob a direção da oposição”,  condenou.

As emendas vetadas para o estado governado por Antonio Anastasia chegam a R$ 189,2 milhões. São projetos que vão desde a instalação de espaços culturais na região metropolitana de Belo Horizonte até a estruturação da rede de serviços de proteção social básica e implantação de projetos de inclusão digital. Segundo o deputado Carlaile Pedrosa (MG), são recursos que farão muita falta para a população. “É um absurdo esses cortes estarem acontecendo. Ficamos muito tristes, pois Minas está sempre sendo deixada de lado. Esses projetos não podem parar e teremos que trabalhar muito para recuperar verbas e fazê-los funcionar”, lamentou o parlamentar.

Em Roraima entre os principais projetos que perderam recursos estão a manutenção de 720 km da BR-174, a manutenção de trecho rodoviário em Boa Vista, fronteira do Brasil com a Guiana, na BR-401, e a melhoria das condições socioeconômicas das famílias. A tesourada nos projetos que seriam desenvolvidos no estado administrado por Anchieta Junior somam, ao todo, R$ 185,6 milhões. “Coincidência ou não são todos estados administrados por tucanos. Espero que isso não seja retaliação”, destacou Carlaile.

Já em São Paulo, a inovação tecnológica e a cultura estão entre as áreas mais afetadas. Para o deputado Alberto Mourão (SP), é preciso acompanhar e conhecer bem os motivos que levaram a presidente a realizar os cortes que somam R$ 115,5 milhões. “Espero que isso não tenha obedecido um critério político, mas uma razão técnica. Fazer cortes levando em consideração a bandeira partidária de um estado é grave”, alertou.

Ao todo, os 10 estados governados pela oposição perderam R$ 739,6 milhões em emendas o que, proporcionalmente, representa cortes de R$ 74 milhões para cada um. Por outro lado, as 17 unidades da federação restantes perderam R$ 1 bilhão, fazendo com que a média seja bem menor: de R$ 59,8 milhões para cada um, segundo o “Contas Abertas”. (Reportagem: Djan Moreno/Fotos: Agência Câmara e Marco Túlio Chaves/Áudio: Elyvio Blower)

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28 fevereiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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