Dinheiro perdido e desviado


Gomes de Matos critica uso eleitoreiro do programa Segundo Tempo e cobra de Dilma auditoria em ministério

Vice-líder do PSDB na Câmara, o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) condenou nesta sexta-feira (25) o uso eleitoral do programa Segundo Tempo em 2010, quando dobrou o montante de recursos repassados a entidades e organizações não governamentais conveniadas com o Ministério do Esporte. Além da nítida estratégia para obter dividendos nas urnas, principalmente para o PC do B, a principal iniciativa da pasta comandada pelos “comunistas” é marcada por irregularidades, o que levou o tucano a cobrar uma investigação rigorosa nas contas do ministério.

De acordo com dados do Siafi divulgados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, no ano passado R$ 69,4 milhões do Segundo Tempo foram parar nos caixas de entidades, ante R$ 34 milhões em 2009. O número de entidades beneficiadas também cresceu, subindo de 25 para 42 no ano das eleições presidencial e nos estados. Para o deputado , é um absurdo essa prática de ampliar recursos para ONGs justamente em período eleitoral e para um programa marcado por denúncias de irregularidades na aplicação de recursos. A existência de fortes suspeitas levou o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), a apresentar nesta semana cinco ações a vários órgãos visando investigar, esclarecer e punir os responsáveis pelos problemas.

Para Gomes de Matos, a presidente Dilma Rousseff deveria determinar a realização de auditoria no Ministério do Esporte para descobrir o que está errado no programa. “Se ela não fizer isso, vai acontecer o mesmo que ocorreu no governo Lula com o mensalão. Já está mais que caracterizado que há um apadrinhamento do PC do B junto a essas entidades não governamentais, fugindo do processo da transparência e de licitação”, condenou.

De acordo com o parlamentar, há uma nítida intenção eleitoral neste processo. Diante deste quadro, o tucano avalia que a presidente deveria agir ao invés de silenciar e encobrir os fatos. O vice-líder considera necessária uma investigação sobre a aplicação dos recursos do Segundo Tempo para evitar mais desvios e punir os responsáveis.

Verbas para ONG dirigida por “comunista” e ex-jogadora de basquete aumentaram ao longo do tempo

→ Reportagem do “Estadão” revela que em 2008, ano em que foram eleitos prefeitos em todo o país, o ministério repassou via Segundo Tempo R$ 53,2 milhões, R$ 16 milhões a mais do que o aplicado em 2007.

→ O crescimento do montante em ano eleitoral acontece também no caso específico de uma das entidades sob suspeita. Dirigida pela ex-jogadora de basquete e vereadora de Jaguariúna (SP), Karina Rodrigues (PC do B), a ONG Bola Pra Frente seguiu a lógica de receber mais recursos em ano eleitoral.

→ Em 2010, a entidade da vereadora recebeu R$ 12,9 milhões do programa, enquanto em 2009 o caixa da ONG foi abastecido em apenas R$ 175 mil. O crescimento expressivo das receitas aconteceu também em 2008, na comparação com 2007. No ano das eleições municipais, a entidade recebeu R$ 6,8 milhões contra R$ 2,2 milhões no ano anterior.

→ O Segundo Tempo foi criado no começo do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O propósito era oferecer a crianças e jovens carentes oportunidade de prática esportiva após o turno escolar e nas férias. O ministério faz parcerias com entidades sem fins lucrativos, que assumem a tarefa de colocar em prática o programa. Também são feitos convênios com prefeituras. A ideia é criar núcleos esportivos e contratar professores. No entanto, a iniciativa se perdeu pelos desvios e irregularidades.

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(Reportagem: Letícia Bogéa/Foto:  Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)

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25 fevereiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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