Itamaraty paralisado


Deputados cobram do governo brasileiro atitude em relação à crise na Líbia

Os deputados Bruno Araújo (PE) e Otavio Leite (RJ) criticaram nesta quarta-feira (23) a falta de atitude do governo brasileiro em relação à crise na Líbia. Para os tucanos, o Itamaraty tem demorado muito para fazer o resgate de brasileiros que se encontram naquele país. Além disso, o silêncio do Palácio do Planalto em relação ao banho de sangue na Líbia,situada no norte da África, também incomoda os congressistas do PSDB.

Após o início de uma semana violenta no país, diversos líderes internacionais declararam repúdio às ações repressivas do ditador Muammar Kadafi contra manifestantes que defendem mudanças no regime. Organizações não governamentais informaram que a resposta do governo tem sido violenta, provocando pelo menos 233 mortes. Mas estima-se que o número verdadeiro de vítimas possa chegar a 800.

Na avaliação dos parlamentares, o que está havendo na Líbia é um verdadeiro crime contra a humanidade. “É estranho não ouvir da presidente Dilma Rousseff – que já foi ativista política, enfrentou a ditadura e foi torturada – uma posição firme de protesto em relação ao que o governo está fazendo com o seu povo na Líbia”, condenou Bruno Araújo. “Sabemos da responsabilidade que temos com os brasileiros que estão lá, mas isso não exime a responsabilidade de uma fala oficial do governo brasileiro em relação a esses graves crimes”, acrescentou.

O deputado acredita que a população líbia percebeu que a democracia é o melhor regime para enfrentar os problemas sociais e econômicos. Ainda de acordo com Bruno Araújo, chegou a hora de o governo brasileiro se posicionar com muita firmeza em relação ao regime de Kadafi. O tucano lembrou ainda que o ex-presidente Lula já tratou o ditador “a pão de ló”, se reuniu algumas vezes com ele e teve uma relação muito próxima com o ditador.

Bruno Araújo demonstrou, ainda, preocupação com o aumento crescente da violência no país. “Não sabemos direito o que está acontecendo. Mas temos relatos da população agredida e assassinada pelas suas próprias armas. A situação é grave e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas já se posicionou. Se não tiver uma solução o mais rápido possível, a comunidade internacional precisará intervir para ajudar a salvar o povo daquele país”, defendeu.

Otavio Leite disse que, mais uma vez, a política externa brasileira derrapa e fica paralisada diante dos fatos. Ele considerou “inaceitável” bombardear civis e “inadmissível” o governo se calar diante da situação. Para o tucano, o Itamaraty tem sido relapso nessa questão. “O governo tem que se manifestar publicamente perante as nações, condenando esse tipo de violência que se constitui num crime contra a humanidade. É inadmissível que civis possam ser bombardeados por sua própria força aérea”, lamentou.

Brasileiros sitiados relatam o caos

→ Reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” mostra que brasileiros relatam caos e se queixam de ação do governo brasileiro. O mineiro Felipe Carvalho, que trabalha numa empresa portuguesa na Líbia e voltou ao Brasil pela Lufthansa ontem, chamou de “insustentável” a situação da capital. Já Heron Ferreira, treinador do Al Ahly, principal time de futebol da Líbia, disse que espera deixar Trípoli hoje com a mulher e a filha de seis anos.

Tenho me movimentado na internet para pressionar o governo a tomar uma atitude.
Por que outros países já conseguiram resgatar as pessoas e a gente ainda não?

Jornalista Mariana Hansen, 27, que mora no Rio e tem quatro familiares na Líbia. A declaração foi publicada pela Folha.

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(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Eduardo Lacerda/ Áudio: Elyvio Blower)

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23 fevereiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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