Prêmio para infrator


Tucanos criticam nomeação de envolvido em escândalo para assessorar Dilma

Deputados do PSDB reprovaram nesta terça-feira (15) a decisão da presidente Dilma de nomear como seu assessor Jeter Ribeiro de Souza, envolvido na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Ex-gerente da Caixa Econômica Federal, ele foi acusado de acessar a conta de Francenildo e imprimir uma cópia do extrato a pedido do então presidente do banco estatal, Jorge Mattoso. O escândalo do caseiro derrubou o então ministro da Fazenda e atual chefe da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci, em março de 2006. O assessor nomeado para auxiliar Dilma chegou a ser intimado a depor na Polícia Federal (PF), mas não foi indiciado no processo que investigou o caso e tramitou no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, o bancário recebeu função de assessor no gabinete-adjunto de Informações em Apoio à Decisão da Presidente. Jeter receberá R$ 4.042,06. Como é servidor de carreira do banco, ele pode acumular o salário do órgão de origem. Neste caso, teria direito a receber 60% do cargo em comissão, um adicional de R$ 2.425.

Para o líder da Minoria na Câmara, Paulo Abi-Ackel (MG), a presidente deve ter cuidado, sobretudo após o escândalo Erenice Guerra, e melhorar o perfil dos seus assessores. Ex-braço direito de Dilma Rousseff na Casa Civil, a ex-ministra caiu do cargo, após o jornal “Folha de S.Paulo” mostrar que a estrutura do ministério foi usada por seu filho, Israel Guerra. Segundo empresários, ele cobrava propina para facilitar acesso a negócios do governo.

“Isso não surpreende, pois ela nomeou Erenice  que se envolveu em muitas trapalhadas. O caso é grave por partir da presidente da República”, reforçou o deputado Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB.

O deputado André Dias (PA) lembrou que no governo Lula, quando Dilma era chefe da Casa Civil e ministra de Minas e Energia, sempre havia alguém envolvido em escândalos. “A presidente não acha isso estranho e talvez ache normal as pessoas cometerem atos com esse. Isso é um perigo para o Estado Democrático de Direito”, ressaltou.

Para o deputado paraense, pessoas que agem acima da lei deveriam ser expulsas da vida pública e condenadas a pagar pelo mal que cometeram. “Isso é um absurdo. O governo petista premia os infratores porque tiveram a coragem de infringir a lei para proteger um ministro”, condenou Dias.

Após quebra de sigilo, bancário foi premiado com cargo na Secretaria de Direitos Humanos

→ O sigilo de Francenildo foi quebrado depois que ele disse em entrevista que Palocci frequentava uma casa em Brasília onde aconteciam festas e distribuição de propinas. O extrato bancário foi vazado para a revista “Época”, que publicou reportagem mostrando que o caseiro havia recebido transferências de R$ 25 mil no período em que denunciou o ministro. Depois que o caso veio à tona, Francenildo disse que o dinheiro tinha sido doado por seu pai, que confirmou a versão. O Supremo Tribunal Federal (STF) inocentou Palocci em 2009 por falta de provas. O placar entre os ministros foi de cinco votos a quatro. Mas, o STF aceitou a denúncia contra Jorge Mattoso, que agora responde a ação na primeira instância da Justiça Federal.

A nomeação de Jeter  foi publicada no último dia 2 no “Diário Oficial da União” e divulgada pela revista “Isto é”. O ato foi assinado pelo secretário-executivo da Casa Civil, Beto Vasconcelos, substituto imediato de Palocci. Antes de ser indicado para o cargo no Planalto, o bancário ocupava outra função de confiança em órgão ligado à Presidência. Ele era coordenador-geral do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. O órgão é vinculado à Secretaria Especial de Direitos Humanos.

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(Reportagem: Letícia Bogéa/ Fotos: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)

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15 fevereiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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