Hábito preocupante

Alto consumo de álcool no Brasil é resultado da falta de programas de orientação, alerta Gomes de Matos

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) lamentou nesta segunda-feira (14) o consumo elevado de bebidas alcoólicas entre a população brasileira. Levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que os homens brasileiros bebem até 24,4 litros de álcool por ano. Entre as mulheres, são cerca de 10 litros. O mesmo estudo revelou que a média no mundo é de 6,1 litros. A taxa brasileira está também bem acima da registrada em países latino-americanos, de 8 litros ao ano por pessoa. O deputado Vanderlei Macris (SP) conseguiu assinaturas necessárias na semana passada para criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que deverá investigar as causas do problema no Brasil.

O tucano destacou a importância da CPI para discutir o assunto. Na sua opinião, é necessário que os parlamentares analisem os reais motivos desse elevado consumo e proponham ações concretas para mudar essa realidade. “É preciso avaliar os impactos sociais e o real motivo da população brasileira ter aumentado tanto esse consumo. É preciso adotar programas para evitar que esses jovens além do álcool passem para as drogas ilícitas. Isso é preocupante porque desestrutura a família e prejudica o capacidade produtiva das pessoas”, avaliou.

Gomes de Matos destacou outro problema relacionado com o consumo de álcool no país e que deve estar entre os temas investigados pela comissão de inquérito da Câmara: a fabricação de bebidas falsificadas. “Detectamos que há fábricas clandestinas. Isso compromete ainda mais a saúde da população”, alertou.

Ainda segundo a OMS, o álcool já mata mais que epidemias como a Aids, tuberculose, violência ou guerras, sendo responsável por 4% de todas as mortes no mundo, vitimando principalmente pessoas, entre 25 e 39 anos. A estimativa é de que o álcool provoque 2,5 milhões de mortes todos os anos. Além disso, está na origem de questões sociais sérias, como a violência doméstica, a negligência infantil, abusos e faltas ao trabalho.

Para o tucano, o governo federal deve implantar programas de orientação para alertar, principalmente os jovens, dos perigos que o álcool pode trazer, adotar políticas públicas para evitar que motoristas dirijam bêbados e reduzir as propagandas de bebidas alcoólicas.

Segundo reportagem do “Jornal do Commercio”, o álcool é responsável por 7,2% de todas as mortes no Brasil – quase duas vezes superior à media mundial. Cerca de 30% da população que admite beber frequentemente e afirmam que se embriagam pelo menos uma vez por semana. Nos Estados Unidos, essa taxa é de 13%, contra 12% na Itália. Na Rússia, a taxa daqueles que exageram na bebida é inferior à do Brasil: 21%. A cerveja é responsável por 54% do consumo no país. Os destilados representam 40%. Já o vinho representa cerca de 5%.