Educação defasada
Governo precisa rever modelo de ensino para aumentar presença dos jovens nas escolas, diz Colnago
O deputado César Colnago (ES) lamentou nesta segunda-feira (7) a queda na presença de adolescentes beneficiários do Bolsa Família nas escolas. O programa determina que, para que seus pais não percam o benefício, jovens de 16 e 17 anos frequentem ao menos 75% das aulas. Segundo reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”, o percentual de estudantes que cumprem a regra caiu de 95,1% em 2008 para 91,7% em 2010. Na avaliação do tucano, o programa de transferência de renda não basta para aumentar a frequência dos alunos.
“O Bolsa Família por si só não é a solução dos problemas da educação. O benefício é importante como fator de distribuição de renda, mas é preciso uma porta de saída. Para isso é necessário investir na qualidade do ensino e capacitar professores, além de disponibilizar equipamentos tecnológicos. O fortalecimento da sala de aula se dá com a valorização desses elementos. Dessa forma, a escola se tornará mais atrativa para os alunos”, avaliou Colnago.
Entre os adolescentes que não seguem essa determinação, segundo a matéria da “Folha”, três em cada quatro nem sequer justificam suas faltas na escola, o que poderia ser feito com a entrega de um atestado médico. Para efeito de comparação, entre as crianças de 6 a 15 anos atendidas pelo mesmo programa, a frequência mínima exigida em sala de aula é de 85%, e 96,7% delas cumprem a regra.
O tucano afirma que essas faltas acontecem porque os jovens muitas vezes são atraídos para fora da escola diante da falta de qualidade da educação pública. Por isso, o parlamentar defende que o governo torne o ensino mais próximo da realidade dos adolescentes. “Uma escola que interaja com a sociedade pode se tornar mais atrativa. É importante que o jovem tenha opção de escolher o que tem mais a ver com sua aptidão e com seu futuro”, afirmou o deputado.
Para especialista, evasão escolar independe da condição social das famílias
→ De acordo com o Educacenso 2008, o abandono escolar entre os jovens do ensino médio na rede pública ficou em 14,3%. Entre os beneficiários do programa, o percentual foi de 7,2%. Até 2007, o Bolsa Família pagava às famílias um valor fixo para cada criança de até 15 anos na escola e com o limite de três por família. No ano seguinte, para frear a evasão e ampliar a frequência escolar, o governo passou a pagar um benefício específico por jovens de 16 e 17 anos e reduziu o limite de dois por família assistida.
→ “A escola é tão pouco atrativa que, mesmo com o benefício, o jovem acha que ela não faz sentido. A evasão é uma variável independente do benefício”, afirmou Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação em entrevista ao jornal paulista.
baixe aqui(Reportagem: Letícia Bogéa/Foto: Divulgação/Áudio: Elyvio Blower)
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