Portas trancadas


Governo do PT tem sido ineficaz em ajudar os mais pobres a “andar com as próprias pernas”, avalia ITV

Em sua análise de conjuntura divulgada nesta segunda-feira (24), o Instituto Teotonio Vilela chama a atenção para a incapacidade da gestão petista para dar condições de emancipação aos mais pobres. Seja em programas como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, seja no campo ou nas universidades públicas, o que se vê são as inúmeras dificuldades para os mais carentes conseguirem “andar com as próprias pernas”. Essa situação de dependência os tornando reféns da tutela do Estado e do coronelismo pós-moderno do PT. Leia a íntegra abaixo:

Portas fechadas para a emancipação

A área social é considerada um dos grandes trunfos da gestão Lula-Dilma. São recorrentes as citações aos “milhões de brasileiros” que ultrapassaram a linha de pobreza nos últimos anos. Trata-se de algo que merece aplausos, mas é igualmente verdade que o governo do PT tem sido completamente ineficaz em ajudar os mais carentes a andar com as próprias pernas.

Exemplos dessa limitação podem ser vistos em algumas das principais vitrines dos governos passado e atual, como os programas Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e a política nacional de reforma agrária. Retirada a névoa da máquina de propaganda, o que se vê, na maioria das vezes, são ações que preservam a tutela do Estado sobre os mais necessitados – situação perversamente conveniente para quem tem um projeto de poder e não de país.

Pesquisa patrocinada pelo Ministério do Desenvolvimento Social mostrou que beneficiários do Bolsa Família têm dificuldade de se manter empregados. Como mostrou o Estadão na semana passada, metade das pessoas que recebem a bolsa perdem a ocupação até um ano após serem contratadas. Uma vez alijados do mercado de trabalho, menos de 25% serão recontratados nos quatro anos seguintes, atestou o estudo oficial.

Ou seja, resta provado que, tal como está, o maior projeto social do governo petista é absolutamente ineficaz no objetivo de dar ao cidadão condições de viver do próprio trabalho.

Na gestão tucana, quando o programa de bolsas foi criado, um dos aspectos mais importantes era exatamente a contrapartida dos beneficiários por meio da frequência à escola, uma forma de dar-lhes melhores condições de emanciparem-se e progredir sozinhos. Essa visão libertadora foi deixada de lado pelo petismo.

No campo, setor que deveria garantir comida e sustento para milhões de brasileiros, mais revezes. Informações também oficiais reunidas pelo Incra mostram que 38% das 924 mil famílias instaladas nas fazendas desapropriadas não conseguem obter sequer um salário mínimo de renda por mês.

A situação nos assentamentos é de penúria: 58% não contam com estradas de acesso razoáveis, 56% não têm energia elétrica e apenas 5% dos colonos possuem segundo grau completo. A consequência evidente é a falência do modelo agrário distributivista e a perpetuação da pobreza no campo.

Já o Minha Casa Minha Vida também começa a exibir as limitações de um programa concebido muito mais para dar votos para o PT do que teto para quem precisa. Boa parte dos beneficiados, conforme mostrado pelo Estadão, não tem conseguido pagar as prestações mensais de R$ 50. Sinal de que o modelo não para em pé sem a mão do Estado, a inadimplência já preocupa os órgãos oficiais.

Pelo que se pode ver, a situação social de milhões de brasileiros ainda é precária. Os mais otimistas podem dizer que o governo buscou, sim, dar mais soberania dos cidadãos. Um exemplo seria a expansão das universidades públicas. Mais uma ilusão.

Reportagem publicada na edição da revista Época desta semana mostra que a condição das novas instituições federais de ensino superior criadas no governo passado é claudicante. Não há estrutura física, professores e nem planejamento suficiente para as aulas. Alunos precisam se espremer em galpões alugados.

Das 14 universidades inauguradas por Lula, apenas quatro são realmente novas e dez já existiam como expansões. Não por acaso, das 88 mil novas vagas abertas na gestão passada 46 mil foram criadas em 2009, véspera de ano eleitoral. No mundo petista, até educação é vítima da política eleitoreira.

A triste constatação é de que o governo do PT, de uma maneira deturpada, foi eficaz em transformar em política pública os versos imortalizados por Luiz Gonzaga e Zé Dantas em “Vozes da Seca”: “Seu doutor, uma esmola para um homem que é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.  No coronelismo pós-moderno do PT, todas as portas de saída ficam trancadas.

(Fonte: ITV)

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24 janeiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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