Negócio polêmico


Macris vai requisitar ao TCU informações sobre negociações da Petrobras com empresa portuguesa

O deputado Vanderlei Macris (SP) afirmou nesta quarta-feira (12) que apresentará requerimento de informação ao Tribunal de Contas da União (TCU) para saber quanto a dívida da Petrobras poderá aumentar caso a estatal efetue a compra de 33,3% das ações da empresa portuguesa Galp.  A polêmica começou quando o ex-presidente Lula firmou acordo com o primeiro-ministro português, José Sócrates, para exploração das águas do campo de Tupi (ou campo de Lula, como a Petrobras o rebatizou e líderes do PSDB repudiaram a decisão). O acordo foi reafirmado pela presidente Dilma e também representa a entrada da estatal brasileira no comando da Galp, hoje controlada por italianos e angolanos.

Segundo reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, se a empresa brasileira comprar as ações dos italianos (cerca de R$ 8,7 bi), como deseja o governo brasileiro, pode sair ainda mais endividada do que já está. E pior: o negócio poderá ser feito em um momento em que ainda tenta recuperar credibilidade no mercado depois do conflito com acionistas minoritários por causa da megaoferta de ações ocorrida em outubro.

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Com investimentos de US$ 224 bilhões até 2014, a Petrobras não conseguirá gerar caixa suficiente para pagar suas despesas, de acordo com a “Folha”. Até hoje as ações da empresa não recuperaram o patamar anterior ao anúncio da oferta de ações do ano passado, a maior já feita no mundo, para levantar R$ 120 bilhões.

“É importante que tenhamos informações mais detalhadas para que seja esclarecido se esse processo pode, de fato, endividar ainda mais a Petrobras. Vamos agir como oposição responsável e mostrar ao país a necessidade de que esses números venham à tona e se tome conhecimento das decisões que estão sendo tomadas sem responsabilidade”, justificou o tucano. O requerimento deve ser apresentado no retorno das atividades parlamentares da Câmara, em fevereiro.

Desde o início de 2010, os papéis PN (sem voto) recuaram 23,3%. Contudo, a venda de ações permitiu à empresa reduzir o endividamento de 34% para 16% do patrimônio. A dívida só pode chegar até 35%. Caso a empresa ultrapasse esse limite na relação entre as dívidas e o patrimônio, poderá perder a classificação de grau de investimento das agências e não poderá receber mais investimetnos de grandes fundos internacionais.  Analistas afirmam que a estatal poderia elevar seu endividamento para chegar ao preço pedido pelos italianos. Mas, segundo a “Folha”, a empresa não quer assumir o risco de pagar caro por ter cedido apenas a pressões do governo federal.

Para Macris, é necessário cautela para se realizar um negócio desse porte. Segundo o parlamentar, o momento não é propício e a Petrobras agirá corretamente se não ceder às pressões políticas. “O presidente Lula fez uma série de traquinagens na fase final de seu governo e essa é mais uma delas. Sua atitude leva o país a ter problemas e mostra claramente que não há nenhum compromisso com a austeridade”, criticou.  “O pré-sal ainda é algo em estudo e já está motivando gastos acima do necessário e provocando uma instabilidade nas contas da empresa. Decisões como essa são apressadas, sem o mínimo de responsabilidade com o que poderá acontecer no futuro”, acrescentou. (Reportagem: Djan Moreno/Foto: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)

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12 janeiro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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