PSDB defende R$ 600
Tucano defende reajuste maior para o mínimo e critica desencontros no discurso do governo
O coordenador da bancada tucana na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, deputado Rogério Marinho (RN), criticou nesta segunda-feira (10) a contradição no discurso de integrantes do governo Dilma em relação ao reajuste do salário mínimo.
Hoje o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que o Planalto acatará um valor maior que os R$ 540 defendidos pela atual gestão caso essa seja a decisão do Congresso. No entanto, na semana passada o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a presidente vetará qualquer aumento superior ao valor previsto na Lei Orçamentária aprovada em dezembro pelo Legislativo. Marinho ressaltou ainda que o PSDB tem defendido, desde a campanha eleitoral, um piso de R$ 600.
Segundo ele, os discursos são desencontrados e o Planalto precisa definir seu interlocutor. “Não sabemos quem fala pelo governo, pois as declarações de ambos são contraditórias”, afirmou o tucano, ao destacar que há recursos disponíveis para a concessão de um reajuste maior em relação ao defendido pela base do governo durante o processo de votação do Orçamento no Congresso. De acordo com o parlamentar, só o volume de recursos contigenciados pelo governo chega a R$ 40 bilhões, demonstrando que há dinheiro.
O deputado também manifestou desconfiança com a promessa de parlamentares da base do governo de sugerirem, por meio de emendas, aumentar o valor do salário mínimo. O tucano lembrou que ao longo das discussões na Comissão de Orçamento o PSDB apresentou emendas que elevavam o piso para R$ 600, mas a proposta foi duramente combatida pelos governistas e barrada pela relatora, senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). A medida provisória que trata do reajuste do piso deve ser votada pelo plenário da Câmara em março.
“Quanto ao posicionamento da base do governo, que tem alardeado a apresentação de emendas à MP, é importante que isso não seja apenas instrumento de manobra para eventuais pressões de preenchimento de cargos no governo. Espero que a população não seja refém desse tipo de situação”, alertou. Semana passada, lideranças do principal partido aliado à gestão Dilma – o PMDB – defenderam publicamente reajuste maior que os R$ 540 definidos pelo próprio governo.
Coerente com a posição do PSDB desde a campanha, tucanos devem apresentar emenda que fixa o valor em R$ 600. Para Marinho, o processo de tramitação dessa medida provisória no Congresso será uma oportunidade para que sejam conhecidas as reais intenções dos parlamentares governistas. “Vamos esperar para averiguarmos se as emendas que serão apresentadas serão efetivamente defendidas pela base do governo no Congresso ou se isso é só um jogo para pressionar o PT por espaço no segundo escalão”, destacou. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda/ Áudio: Elyvio Blower)
R$ 600
Foi o valor proposto pelo PSDB para o piso salarial em 2011 desde a campanha eleitoral do ano passado. Na época, o então candidato tucano, José Serra, considerava totalmente viável atingir esse valor, bastando para isso um melhor uso do dinheiro público. De acordo com Serra, há muito desperdício e “gordura” de gastos inúteis para ser eliminada. O ex-governador de São Paulo lembrava ainda a importância do mínimo para a população mais necessitada de todo o Brasil e o impacto positivo de um reajuste maior para o dia a dia desse segmento da população.
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