Trajetória marcante
Pannunzio defende legado de FHC e condena postura do PT ao se despedir da Câmara
Após cumprir 16 anos de mandato, o deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP) fez nesta quinta-feira (16) um balanço da sua atuação em discurso de despedida do Congresso Nacional. Da tribuna, o parlamentar também defendeu o legado deixado pelos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). “O Brasil atravessava enormes dificuldades, conforme todos nós sabemos. O presidente FHC teve visão, mas sobretudo coragem de enfrentá-las”, lembrou o tucano.
Pannunzio lamentou ainda a oposição antidemocrática adotada pelo PT nos oito anos da gestão tucana. Segundo o deputado, os petistas usaram uma tática permanente de atropelar e desconstruir a história ao negar a paternidade de programas implantados na gestão FHC.
“O próprio presidente Lula dá sinais de ser avalista dessa visão reducionista de governo, de República e de democracia. Os seus discursos há muito excedem o mundo real e percorrem as fronteiras do delírio”, criticou.
O tucano relembrou também a insegurança dos mercados gerada pelas bandeiras petistas, como o calote da dívida externa. “O PT combateu as inovações do Plano Real. Foi contra a desindexação de preços e salários. Resistiu ao saneamento das finanças estaduais e municipais. Combateu a privatização de estatais e criticou a Lei de Responsabilidade Fiscal, além de atacar todas as iniciativas de ajustes das contas públicas”, afirmou.
O ex-líder do partido na Câmara condenou a atitude do PT de promover privatizações e, ao mesmo tempo, demonizar o modelo adotado pelo PSDB no governo federal. “Na verdade essa campanha de demonização é um discurso de fachada. O PT omitiu e omite o que fez nesse campo. Lula privatizou sete rodovias federais, dois bancos estaduais, duas hidrelétricas e a linha de transmissão Porto Velho a Araraquara”, ponderou.
Herança legislativa
Durante seu discurso, o deputado destacou projetos que tiveram sua participação e que continuarão tramitando na Câmara em 2011. Entre eles, a reforma do Código de Processo Civil. As alterações sugeridas pelo tucano têm a missão de resgatar a tranquilidade do cidadão por meio do combate à criminalidade e à impunidade. “Elas foram elaboradas a partir da observação minuciosa de situações concretas”, frisou.
O deputado lamentou ainda o veto do presidente Lula à emenda que ele apresentou à lei de reconhecimento das centrais sindicais. A proposição barrada, segundo o tucano, submetia os gastos do dinheiro repassado à fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU), como faz qualquer entidade que receba dinheiro público.
A alegação do governo para esse veto, diz Pannunzio, foi uma das “falsetas mais ousadas já dirigidas a este Congresso por outro Poder”. “O presidente alegou que a fiscalização do dinheiro público iria ferir o princípio da autonomia sindical. Pergunto: qual é a relação entre fiscalizar a aplicação do dinheiro público e autonomia sindical?”, questionou.
Aprendizado
O tucano salientou que aprendeu muito neste período e que a tristeza da despedida não lhe causa abatimento. “Tive a felicidade de muito aprender e, mais ainda, de haver participado da base de apoio ao governo do presidente Fernando Henrique. A cada dia vão se consolidando as avaliações mais aguçadas e menos apaixonadas relativas aos enormes avanços do país nesse período”, destacou.
Pannunzio afirmou que deixa a Câmara ainda mais preparado para defender a democracia. “Deixo o Parlamento muito fortalecido em minhas convicções políticas e pessoais, melhor preparado e mais animado a defender a democracia como baldrame da convivência política e requisito para que se alcancem as melhores conquistas e soluções para o desenvolvimento e bem estar dos brasileiros”, completou.
Prefeito de Sorocaba (SP) de 1989 a 1992, Pannunzio foi deputado federal por quatro legislaturas, exercendo mandatos ininterruptos na Câmara desde 1995. Além de líder do PSDB em 2007, foi integrante de diversas comissões permanentes, presidente da Comissão de Relações Exteriores e primeiro-vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior. O tucano foi ainda vice-líder do PSDB em 1995, de 1998 a 2000. Também ocupou a vice-liderança do governo federal na Câmara entre 1996 e 1998 e atuou como vice-líder no bloco parlamentar PSDB-PTB de 2000 a 2002.
(Reportagem: Artur Filho/ Foto: Ag. Câmara/ Áudio: Elyvio Blower)
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