Operação de risco


Vellozo Lucas: país deve investir no gás natural brasileiro em vez de comprar mais da Bolívia

É muito importante a expansão da Petrobras em outros países, mas é um risco voltar a investir em gás natural na Bolívia após quatro anos de nacionalização do setor no país. Esta é a análise feita nesta terça-feira (14) pelo deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES) sobre a intenção da estatal de voltar a investir na nação vizinha. Segundo matéria do jornal “O Estado de S. Paulo”, a empresa brasileira concluiu as negociações para comprar 30% do campo de gás Itaú, localizado em solo boliviano e concedido inicialmente à empresa francesa Total.

O tucano demonstrou preocupação com o negócio, pois muitas vezes as parcerias nessa área foram feitas pelo governo do PT com viés ideológico. “A política externa brasileira é condescendente  com países que não são democráticos e não respeitam contratos, como é o caso da Bolívia. Certamente, os riscos contratuais de operar na Bolívia são muito altos e precisam ser avaliados novamente”, criticou.

O deputado ressaltou ainda que é inadmissível o governo Lula não se preocupar com as perdas da produção nacional do gás e ao mesmo tempo destinar recursos para investimentos de risco no exterior. O  país perdeu R$ 7,4 bilhões nos últimos anos com a falta de infraestrutura no setor.

Esse é o montante equivalente a 15 bilhões de metros cúbicos (m³) do produto queimados entre janeiro de 2004 e agosto de 2010, segundo cálculos de Edmilson Moutinho, professor da Universidade de São Paulo (USP). O levantamento mostra ainda que, na média, o país tem jogado fora 11% de toda a produção nacional, enquanto o ideal seria não ultrapassar os 4%, de acordo com estimativas do Banco Mundial.

De acordo com Vellozo Lucas, esta negociação gera muita desconfiança. “É um contrassenso. O Brasil tem muito gás e este produto não está sendo aproveitado por falta de investimento em gasoduto. Isso porque não existe um marco regulatório adequado para que a ampliação do setor seja feita pela iniciativa privada”, avaliou.

Ainda segundo o “Estadão”,  a Petrobras não comentou a operação, mas a notícia foi confirmada pela imprensa boliviana e ao jornal brasileiro por fontes diplomáticas. O valor do negócio não foi confirmado por nenhuma das partes. Os campos operados pela Petrobras na Bolívia produzem uma média de 23 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, que representam mais da metade da produção boliviana do combustível. (Reportagem: Artur Filho: Foto: Eduardo Lacerda/ Áudio: Elyvio Blower)

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14 dezembro, 2010 Últimas notícias Sem commentários »

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