Leniência petista
Para Pannunzio, descaso do governo ampliou sensação do brasileiro de que a corrupção aumentou
Para 64% da população, a corrupção aumentou. É o que revela pesquisa da Transparência Internacional divulgada nesta quinta-feira (9). O estudo também coloca o Brasil como o 32º maior índice de cidadãos que observam o aumento da prática ilegal numa lista de 86 nações. Para o deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), esse sentimento da população é provocado pela tolerância de parte do governo e do próprio presidente Lula com a proliferação de casos de desvio de recursos públicos e a frequência de escândalos registrados na gestão petista.
Segundo o tucano, a impunidade deste governo é um incentivo ao comportamento inadequado e ao desrespeito às leis. Por isso, avalia o deputado, o brasileiro sempre se sente lesado de alguma forma. “O que contribui para essa sensação negativa é a leniência do governo. Quando há casos de irregularidades, nós sempre percebemos que o próprio presidente Lula trata de encobrir os desvios, além de não tomar providência nenhuma”, criticou.
A pesquisa, encomendada ao instituto Ibope Inteligência, ouviu mil brasileiros, em junho deste ano. Nos 86 países, a Transparência ouviu 91.781 pessoas. De acordo com os dados, Senegal ocupa o primeiro lugar do ranking, com 88% da população convencida de que a corrupção piorou, seguido da Romênia (87%) e da Venezuela (86%). Com o Brasil, estão Itália (65%), Lituânia (63%) e África do Sul (62%).
Os dados apresentados coincidem com a crítica do parlamentar do PSDB. Mais da metade dos entrevistados no Brasil (54%) considera insuficientes as ações governamentais para lutar contra os ataques aos cofres públicos. O estudo revelou ceticismo ainda maior nos países desenvolvidos, como a Noruega, onde 61% dos entrevistados não creem em medidas oficiais contra a corrupção. Nos Estados Unidos, 71% das pessoas também desconfiam da eficiência governamental.
Partidos políticos, Parlamento e polícias têm pior avaliação
O diretor representante da América Latina na Transparência Internacional, Alejandro Salas, frisou que o Brasil é reconhecidamente um país onde o clientelismo e o abuso do poder, promovidos pela classe política, ainda prosperam.
A população brasileira, de acordo com o levantamento, trata o Legislativo e os partidos políticos como instituições à venda, extremamente suscetíveis ao poder do dinheiro para o comércio de vantagens nas relações entre o público e o privado. Numa escala de cinco níveis, em que o nível 1 indica a inexistência de corrupção, e o 5, total suscetibilidade, casas legislativas e partidos atingem o patamar de 4,1 pontos. Em segundo lugar, a polícia aparece com 3,8 pontos.
Pannunzio disse que todos esses dados são extremamente preocupantes, pois não se observa nenhuma campanha do governo de moralização e de respeito ao ordenamento jurídico do país. “Pelo contrário, no último processo eleitoral nós assistimos o presidente da República desrespeitando acintosamente a legislação eleitoral, ignorando as multas que o tribunal eleitoral chegou a colocar contra ele e ridicularizando a Justiça. Esses exemplos são péssimos para a nacionalidade”, avaliou.
Para o parlamentar, a punição dessas atitudes seria a melhor maneira de acabar com a percepção da sociedade. “A partir do momento em que se generaliza um sentimento de impunidade, a consequência natural é aumentar o índice de corrupção”, conclui.
(Reportagem: Renata Guimarães /Foto: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)
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