Atuação destacada

Tasso Jereissati presta contas de seu mandato e critica Lula por não dar crédito ao legado deixado por FHC

O senador Tasso Jereissati (CE) realizou nesta quarta-feira (8) seu discurso de despedida no plenário e prestou contas dos seus oito anos de mandato. O tucano avaliou sua atuação como oposição ao governo Lula, nas diversas comissões com a proposição de projetos em benefício da sociedade e criticou o presidente petista por não reconhecer e dar crédito à atuação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deixou grande legado à sociedade brasileira.

O parlamentar afirmou ter exercido sua função com empenho e integridade e lembrou de quando assumiu o cargo, onde sentiu forte emoção de estar ocupando a cadeira que, quatro décadas antes, pertenceu ao pai, senador Carlos Jereissati. “Não me resignei diante da corrupção, muito menos me calei diante dos ataques à democracia. Em toda a minha atuação nesta casa, assim como ao longo de toda a minha vida pública, agi com coerência e segui minhas convicções e princípios”, enfatizou.

Em seu pronunciamento, o tucano lamentou que as realizações do PSDB tenham sido negadas ou desmerecidas pelo PT. Segundo Tasso, ironicamente, os maiores exemplos da boa herança deixada por Fernando Henrique são exatamente aqueles programas que mais contribuíram para garantir a popularidade de Lula e deram credibilidade ao seu governo: a estabilidade da economia, as privatizações e o Bolsa Família.

“O Bolsa-Família, nunca é demais repetir, é o resultado da unificação dos programas de transferência de renda: Bolsa-Escola, Auxílio-Alimentação e Auxílio-Gás, todos criados durante o governo Fernando Henrique Cardoso”, explicou.

O senador ressaltou ainda o legado deixado pela privatização das telecomunicações, que proporcionou o acesso democrático do povo ao serviço prestado pelo setor. De acordo com ele, a privatização da Vale do Rio Doce também foi um sucesso, pois possibilitou que o lucro anual subisse de cerca de US$ 500 milhões em 1996 para, aproximadamente, US$ 12 bilhões em 2010. O parlamentar enfatizou que a Embraer, antes de ser privatizada, estava à beira da falência. Hoje é avaliada em US$ 17 bilhões, além de estar entre as três maiores fabricantes de jatos do mundo.

O parlamentar eleito pelo Ceará finalizou sua fala agradecendo a colaboração e dedicação de todos com quem conviveu nos últimos oito anos, que o auxiliaram a cumprir os deveres no Senado. Sobre as disputas eleitorais deste ano, o tucano afirmou que perdeu somente uma eleição, pois levará consigo sua história de compromisso com os cearenses e o povo brasileiro. Após sua fala, Tasso foi homenageado com os apartes de seus colegas por mais de duas horas.

Dever de fiscalizar e cobrar cumprido

Ainda discursando, Tasso Jereissati afirmou que se manteve sempre em alerta para o descontrole de gastos do governo federal, dos riscos à política de superávits e desobediência dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ele ressaltou ainda que sempre criticou a expansão do crédito como única política de promoção do desenvolvimento sustentado.

“Apesar de negar tais fatos durante a campanha, a presidente eleita já dá sinais de reconhecer, felizmente, a gravidade do problema, confirmando esse diagnóstico”, afirmou.

Tasso enfatizou também que trabalhou intensamente para aprimorar alguns projetos, como a nova Lei de Falências, a Lei da Biossegurança, a recriação das novas Sudene e Sudam e o debate sobre a extinção do imposto da CPMF. Em 2008, ele foi relator da Subcomissão de Acompanhamento da Crise Econômica, que teve como objetivo apresentar alternativas de enfrentamento da crise para o governo.

Em seus oito anos de mandato, o tucano também propôs a criação da Subcomissão de Segurança Pública, que presidiu em duas oportunidades. O senador teve grande atuação na criação da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, tendo sido relator da proposta e presidente. Tasso foi apontado pelo Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar (DIAP) como um dos dez parlamentares mais influentes do Congresso.

(Reportagem: Renata Guimarães/Foto: Eduardo Lacerda/Áudio Elyvio Blower)