Problema sem solução


Baixa execução de recursos destinados ao setor aéreo revela crônica da má gestão, critica Fruet

A lentidão na liberação de recursos para solucionar a falta de estrutura do setor aéreo reflete a má gestão da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Essa é a avaliação do deputado Gustavo Fruet (PR) nesta segunda-feira (6) ao analisar a baixa execução da estatal que é responsável por 67 aeroportos. Segundo a ONG Contas Abertas, do R$ 1,6 bilhão anunciado pela Infraero até o final do ano, R$ 358 milhões foram desembolsados entre janeiro e outubro. Ou seja, pouco mais de 22% e menos de um terço do programado. Com a proximidade da realização dos dois maiores eventos esportivos mundiais no país – Copa, em 2014, e Olimpíadas, em 2016 –, a possibilidade de um novo caos aéreo é concreta na opinião de especialistas ouvidos pela ONG.

Apesar dos números, a Infraero garante que estará preparada para atender o aumento da demanda e, inclusive, já há estudos para a abertura do capital da estatal, que aceleraria a modernização dos aeroportos. De acordo com o parlamentar, a estatal trabalha no limite. “Os dados mostram a baixa execução, pois a Infraero está sempre operando no limite. Isso é a crônica da má gestão. Nesse ritmo é difícil acreditar que os aeroportos não estarão sujeitos a alguma crise e que essa estrutura ficará pronta para receber a Copa de 2014”, avaliou o líder da Minoria na Câmara.

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Em dez anos, a Infraero investiu nos aeroportos brasileiros R$ 3,6 bilhões. A cifra representa 41,2% do orçamento programado para o período (R$ 8,6 bilhões). Os dados são do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), vinculado ao Ministério do Planejamento. “É um problema crônico que vai se arrastando. Não houve uma mudança substancial na aplicação dos recursos pela Infraero durante o governo Lula”, criticou Fruet, que foi integrante da CPI do Apagão Aéreo.

Em entrevista ao site da ONG Contas Abertas, o ex-presidente da Infraero Adyr da Silva afirmou que os prazos desde a elaboração do projeto até a conclusão das obras são demorados. Segundo ele, o problema é de gestão. “Não adianta ter à frente da empresa pessoas que não entendem de aviação civil. Se for observada as cinco últimas gestões da Infraero, percebe-se que os presidentes não entendem do assunto, uma premissa obrigatória, na minha avaliação, para ocupar o cargo”, concluiu.

Obras programadas sem um centavo de investimento

→ Vários projetos sequer saíram do papel. É o caso do novo terminal de cargas do aeroporto de Vitória (ES) para o qual estão previstos R$ 25 milhões neste ano. Em São Paulo, a recuperação e o reforço estrutural dos sistemas de pistas do Aeroporto Internacional de Campinas têm recursos garantidos de R$ 1,3 milhão. Mas nenhum centavo foi desembolsado em ambos os empreendimentos.

→ No Sul, a situação não é diferente. Para o Rio Grande do Sul está prevista a construção do complexo logístico do Aeroporto Internacional de Porto Alegre por R$ 52 milhões, mas nenhum recurso foi liberado. No Nordeste, a construção da torre de controle do Aeroporto Internacional de Salvador (BA) demandará R$ 15 milhões do orçamento. No Ceará, o investimento previsto para a adequação do terminal de passageiros do aeroporto de Juazeiro do Norte é de R$ 26,5 milhões.

(Reportagem: Alessandra Galvão/Foto:Eduardo Lacerda / Áudio: Elyvio Blower)

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6 dezembro, 2010 Últimas notícias Sem commentários »

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