Sonhos frustrados
Governo federal deve focar programa habitacional na população de baixa renda, cobra José Aníbal
O deputado José Aníbal (SP) criticou nesta sexta-feira (26) a falta de planejamento do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. Para o tucano, o andamento do projeto concebido pelo governo Lula há um ano e meio vai de mal a pior, pois não cumpre seu principal objetivo: sanar o déficit habitacional da população de baixa renda. De acordo com reportagem do “Valor Econômico”, construtoras de todos os portes já começam a reavaliar seus planos em relação ao programa e constataram que não é mais vantajoso construir imóveis de até R$ 130 mil, mas sim aqueles que custam de R$ 150 mil a R$ 500 mil.
Na avaliação de Aníbal, o “Minha Casa, Minha Vida” deveria atender justamente a parcela da população que não tem condições de adquirir um imóvel superior a R$ 130 mil. Segundo ele, o governo precisa direcionar o foco a quem ganha até cinco salários mínimos e ofertar prestações compatíveis com a renda mensal. “Estamos vendo um programa que está deixando muito a desejar. Para ter habitação de R$ 150 mil a R$ 500 mil não há necessidade do ‘Minha Casa, Minha Vida’. Isso é conversa fiada”, criticou.
Segundo o “Valor”, as construtoras conveniadas com o programa afirmam que a demanda de imóveis mais caros aumentou. As empresas também alegam que os terrenos valorizaram e o custeio de mão de obra ficou mais caro. Por isso, veem a necessidade de focar nesse mercado para obter mais lucros. Para Aníbal, é nesse pensamento que reside o problema, pois o foco do programa governamental não deveria ser o de atender quem tem mais dinheiro para comprar um imóvel, mas sim direcioná-lo à população que não possui condições reais de ter a casa própria.
Preço dos imóveis não cabe no bolso dos mais pobres
As construtoras também reclamam, de acordo com o “Valor”, do trâmite da compra na Caixa Econômica Federal (CEF), onde há um atraso no momento de repasse dos clientes da construtora para a Caixa. Com o suposto objetivo de tornar o sistema mais ágil e acelerar o programa, o banco criou, no início do ano, um programa piloto com as principais construtoras para que elas assumissem uma parte do processo de avaliação de crédito do cliente. Mas a evolução dos testes está mais lenta que o previsto.
Outro problema para a população de baixa renda é o preço final dos imóveis. Na maioria das vezes, são mais caros que o esperado, provocando uma sensação de frustração. Diante desse quadro, o deputado enfatizou que o programa não pode ser apenas mais uma peça de propaganda que, de forma desonesta, mexe com o sonho das famílias.
Ainda de acordo com o parlamentar, o governo federal manipulou o grande sonho do brasileiro com o “Minha Casa, Minha Vida”, classificado por ele de “troncho” e “enviesado”. “Vemos a falta de planejamento do governo para decidir metas e procedimentos. Cabe também às empresas fazerem sua parte. Nessa situação, não tem ninguém com razão, a não ser as milhões de famílias que almejam ter uma moradia”, concluiu.
(Reportagem: Renata Guimarães / Foto: Eduardo Lacerda / Áudio: Elyvio Blower)
Leia também:
“Minha Casa, Minha Vida” não ajuda quem mais precisa, afirma Emanuel Fernandes
Deixe uma resposta