Apadrinhamento na Petrobras
Duarte critica Petrobras por fechar contratos com marido de diretora indicada por Dilma
O deputado Duarte Nogueira (SP) criticou veementemente nesta terça-feira (16) mais uma denúncia de tráfico de influência envolvendo a Petrobras. Segundo reportagem do jornal “Folha de São Paulo”, a estatal fechou 43 contratos com a C.Foster, de propriedade do marido de Maria das Graças Foster, nome forte para ocupar o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff. A empresa multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a engenheira ganhou cargo de direção da estatal. Nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção em diferentes unidades da empresa pública.
“O tráfico de influência no governo do PT, projetado no futuro governo da presidente Dilma, é tão intenso e violento que a presidente eleita vai ter que fazer uma reforma no ministério antes mesmo dele ser anunciado. Grande parcela de possíveis indicados tem implicações perigosas e ruins”, condenou o tucano. Para o parlamentar, o caso comprova o ditado popular: “o lobo perde o pêlo mas não perde o vício”.
Duarte Nogueira destacou ainda que é importante o papel da oposição e, sobretudo da imprensa que sempre mostra essas ligações perigosas de gente do governo. “Eles só colocam no governo pessoas com o propósito do apadrinhamento e do uso da máquina pública em benefício partidário e particular e não em interesse da população”, ressaltou.
A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou suas atividades na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster. Funcionária de carreira da Petrobras, Graça é um dos nomes mais cotados para assumir o comando da Petrobras, a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência ou outro posto próximo da presidente eleita, de quem ganhou confiança. Foi por indicação de Dilma que Graça conquistou, a partir de 2003, posições de destaque no Ministério de Minas e Energia, Petroquisa e BR Distribuidora e, há três anos, assumiu a diretoria de Gás e Energia da estatal.
Temperamento criticado por subordinados
→ Antes de a C.Foster firmar esses 42 contratos com a Petrobras, a relação de Graça com a empresa do marido já havia gerado mal-estar. Em 2004, uma denúncia contra a engenheira, relacionada ao suposto favorecimento à C.Foster, foi encaminhada à Casa Civil.
→ Sem detalhar as apurações, a Petrobras informou em ofício enviado ao então ministro José Dirceu que durante as entrevistas “surgiram críticas contundentes” contra Graça Foster. O documento enfatizava o temperamento difícil da servidora. “Cumpre agregar que nas declarações prestadas, verificou-se que Maria das Graças era objeto de restrições por grande parte do pessoal de seu setor, dado principalmente, como veio externar a comissão, “o modo com que tratava seus subordinados”, diz o ofício.
(Reportagem: Letícia Bogéa/Foto: Eduardo Lacerda/Áudio: Elyvio Blower)
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